Lula vive “morde e assopra” com o mercado financeiro
O mercado financeiro parece se contorcer a cada declaração de Lula, líder das pesquisas para as eleições de 2022, sobre as suas ideias acerca da política econômica em um eventual novo mandato em 2023.
O recado abaixo, que circula nas redes sociais, é um exemplo disso:
Lula é gênio (do mal) https://t.co/GP1gLnSS0C
— Pedro Cerize (@CerizePedro) January 20, 2022
“Elogios do próprio ex-presidente ao governo da Espanha por rever a reforma trabalhista, a proclamação do fim do teto de gastos pelo ex-ministro Guido Mantega e declarações na mídia de setores mais ideológicos do Partido dos Trabalhadores se somaram para levar parte do mercado a apostar que o ex-presidente se inclina mais às diretrizes adotadas nos anos finais dos mandatos presidenciais petistas (conhecidas como Nova Matriz Econômica e repelidas pelo mercado) do que àquelas implementadas no início do governo Lula, em 2003″, avalia a MCM Consultores em um relatório enviado a clientes nesta sexta-feira.
Vale lembrar que o Brasil mergulhou em uma recessão de 3,5% em 2015 e de 3,3% em 2016, durante o governo Dilma Rousseff, enquanto o mundo cresceu 3,2% e 2,8%, respectivamente.
Apesar deste medo causado por estas declarações no começo do ano, a MCM ressalta que nesta semana algumas sinalizações mais brandas de Lula e seus aliados foram mais bem aceitas pelo mercado.
“Em entrevista à Band, Rui Costa, governador da Bahia, afirmou não ter escutado do ex-presidente nenhuma defesa da revogação da reforma trabalhista e acenou para um Lula mais moderado nas relações com o empresariado. Em entrevista para veículos de comunicação do campo da esquerda, o próprio ex-presidente destacou que a prioridade não é derrubar o teto de gastos, e sim combater a desigualdade, além de reforçar o seu interesse em consolidar e formalizar a aliança com Geraldo Alckmin”, ressalta a MCM.
Já o deputado federal petista Paulo Teixeira ressaltou, em entrevista para a jornalista Mônica Bergamo, a necessidade de uma “frente democrática progressista” capaz de “afastar qualquer ameaça de ruptura com o sistema democrático que este presidente [Bolsonaro] representa” .
“Essa dinâmica “tensão – alívio” (ou, na expressão popular, “morde e sopra”) observada nas primeiras semanas de 2022 não é nenhuma novidade na trajetória política do ex-presidente. Nesse sentido, apostar que, caso eleito novamente, ele adote de início uma linha mais desenvolvimentista não anula a possibilidade de concessões a preferências do mercado durante o seu mandato”, pondera a MCM.