Lula vê ‘armação’ de Moro em plano do PCC e ex-juiz responde: ‘O senhor não tem decência?’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse achar que o plano do PCC para atacar autoridades públicas, como o senador Sergio Moro (União Brasil), é, na verdade, uma “armação” do ex-juiz da Lava-Jato, operação que levou Lula à prisão por 580 dias.
“Eu não vou falar, porque eu acho que é mais uma armação do Moro. Mas eu quero ser cauteloso, eu vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro”, disse Lula ao ser questionado por jornalistas sobre o plano da organização criminosa revelado pela Polícia Federal (PF).
A declaração aconteceu nesta quinta-feira (23) em uma visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
“Eu acho que é mais uma armação e se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Eu não sei o que ele vai fazer da vida se ele continuar mentindo do jeito que está mentindo. Mas também o Moro não é a minha preocupação”, completou Lula.
Moro diz que Lula será responsável caso algo aconteça contra sua família
Logo após as declarações de Lula, Moro afirmou, em entrevista à CNN, que o presidente riu de sua família, ameaçada pelo crime organizado, ao falar que tudo foi uma “armação”.
“Então quero perguntar ao senhor presidente da República: O senhor não tem decência? O senhor não tem vergonha com esse seu comportamento? O senhor não respeita a liturgia do cargo? O senhor não respeita o sofrimento de uma família inocente? O senhor não respeita o combate que os agentes da lei, e aqui eu me incluo, como ex-ministro da justiça e, antes, juiz, o combate que nós fizemos ao crime organizado”, indagou Moro.
O senador ainda disse que se alguma coisa com sua família, “a responsabilidade está nas costas desse presidente [Lula], por fazer pouco caso”.
O plano do PCC
A Polícia Federal deflagrou uma operação na quarta-feira (22) para desarticular o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra Sérgio Moro e outras autoridades públicas.
A organização criminosa pretendia sequestrar, e até mesmo matar, autoridades envolvidas na transferência de líderes da facção para presídios federais, informou a PF.
Durante a operação, nove pessoas foram presas e foram apreendidas joias, dinheiro em espécie, celulares, uma moto e um carro de luxo.
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que desde o começo dos anos 2000 investiga a facção, também era alvo dos criminosos.
Lincoln Gakiya tomou ciência do plano e avisou à cúpula da PF em Brasília, que designou um delegado para abrir uma investigação.
As ações da PF contaram com 120 agentes nos Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia e São Paulo.