Lula vai superar estes 3 desafios para vencer Bolsonaro?
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi para o primeiro turno das eleições embalado pelo clima de “já ganhou” de parte de seus aliados, mas saiu dele consciente de que seu rival, o presidente Jair Bolsonaro (PL), joga duro e evitou a goleada que parte da campanha petista esperava – isto é, uma vitória já no dia 03.
O “jogo de volta” deste clássico ocorrerá em 30 de outubro, quando os brasileiros dirão quem, afinal de contas, deve presidir o Brasil pelos próximos quatro anos. Por ora, a vantagem de Lula no placar é magra: pouco mais de 6,1 milhões de votos, praticamente o número de votantes no Rio Grande do Sul nesta eleição.
O petista tem três grandes desafios para impedir uma virada histórica que garantisse a reeleição de Bolsonaro no segundo turno, segundo os cientistas políticos.
A equipe de Bolsonaro voltará a campo com reforços respeitáveis, como os governadores reeleitos de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. O tucano Rodrigo Garcia, governador de São Paulo que terminou em terceiro lugar nas eleições, também já se apresentou para o ataque.
Assim, Lula precisa combinar bem o jogo com seus aliados para neutralizar o apoio de políticos proeminentes dos três maiores colégios eleitorais do país a seu adversário.
Desafio 1 de Lula: conquistar eleitores de Tebet e Ciro
O petista, que reforça seu time com presidenciáveis, tem o desafio de captar votos não apenas de Simone Tebet (MDB) e de Ciro Gomes (PDT), mas também os eleitores não bolsonaristas e não lulistas.
“Com isso, Lula converge para o centro político. Ele tem que conversar com pessoas que não escolherem nem ele e nem Bolsonaro. É mais fácil buscar votos do ‘nem, nem’ do que virar os votos que o presidente recebeu”, comenta o analista político da Levante, Felipe Berenguer.
O cientista político e sócio da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, avalia que o eleitor de Tebet e de Ciro no primeiro turno tem como ponto de partida a desconfiança do atual governo.
“Esse eleitor tende a ir mais à oposição. Porque, se ele tivesse um viés mais governista, ele já teria votado no Bolsonaro. Contudo, a captação de votos desses eleitores será mais desafiadora para o Bolsonaro, mesmo saindo do primeiro turno com uma campanha mais favorável”, observa.
Cortez acrescenta que os votos de Tebet, Ciro e as abstenções são expressivos no eleitorado, um grupo que soma quase 40 milhões de brasileiros. Já que mais de 32 milhões de eleitores não compareceram às urnas no domingo, o que deve favorecer Lula.
Desafio 2: abrir a agenda econômica
Analistas de mercado têm se mostrado ansiosos para conhecer a agenda econômica de Lula para os próximos quatro anos. Para Cortez, a economia é o principal trunfo do ex-presidente para angariar votos ao seu favor.
“A pauta econômica é o principal canal que Lula pode trazer para o eleitor. Ela pode render mais frutos nessa tentativa de trazer votos indecisos e de outros candidatos”, destaca o cientista político.
No segundo turno, Lula não poderá mais esconder seu plano de governo, sobre o qual pesa uma grande curiosidade sobre suas propostas para a economia, diz Berenguer.
O analista político da Levante acredita que, diante uma diferença de votos mais estreita que a esperada no último domingo, Lula deve buscar alianças mais amplas e adotar um discurso econômico mais moderado. “O petista deve buscar uma política econômica mais ortodoxa, mais moderada e sem grandes aventuras no quadro fiscal“, avalia.
Segundo Cortez, a agenda econômica deve ser usada para minimizar as incertezas do mercado, uma vez que Lula traz uma percepção de risco maior do que Bolsonaro.
Desafio 3: vencer onda antipetista nas eleições
Para Berenguer, da Levante, o movimento que tomou conta das eleições de 2018 deve ser observado nas próximas semanas. Ele acredita que o presidente Bolsonaro deve explorar mais a narrativa dos malefícios ao Brasil com uma possível volta do PT ao poder.
“A campanha do presidente vai focar no Sudeste, e o eleitorado dessa região já é muito ligado ao antipetismo. Portanto, essa ideia de trazer de volta esse movimento deve ganhar força”, diz.
Berenguer acrescenta que, caso Bolsonaro não consiga reduzir a sua rejeição, sua campanha tentará elevar a rejeição de Lula para tentar equalizar esse jogo.
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