Lula vai levar a Xi ideia de criar grupo de países pela paz na Ucrânia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem tratando a viagem à China como um capítulo especial na ambição brasileira de voltar a ter influência no cenário global e deve repetir diretamente a Xi Jinping a proposta de formar um grupo de nações — Pequim incluído — que possam ajudar na negociação de paz na Ucrânia.
Na visita de Estado — apenas a segunda concedida pelos chineses desde o final das restrições da pandemia –, Lula vai se reunir não apenas com o presidente chinês, Xi Jinping, mas com o primeiro-ministro, Li Qiang, além de ser recebido na Assembleia Popular da China, o Congresso local.
O brasileiro chega ao país apenas dias depois de o mandatário chinês visitar Moscou. Lula será o primeiro chefe de Estado com quem Xi se encontrará depois da conversa direta com Vladimir Putin.
“Nós vamos querer ouvir, naturalmente, o que o Xi Jinping traz de Moscou. E nós continuamos acreditando que, apesar de ser muito difícil, a gente tem que falar da paz”, disse à Reuters Celso Amorim, assessor especial da Presidência e principal conselheiro de Lula em política externa.
- Entre para o Telegram do Money Times! Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!
“Não é uma coisa fácil, mas a alternativa é você correr o risco de ter uma nova guerra mundial”, seguiu o embaixador. “É extremamente perigoso para mundo. Sem falar que é obviamente desastroso para as populações ucranianas, sobretudo, mas russas também ali naquela região.”
Lula, que já conversou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, prontificou-se a conversar com Putin – com quem conviveu em seus dois primeiros mandatos – e fala em unir países como Índia e Turquia, além da China, para tentar uma abertura para um acordo de paz para a guerra.
“O presidente Lula vai reiterar a disposição de ajudar se houver um papel para outros países. E eu acho em princípio que há”, afirmou.
Amorim lembra que, recentemente, a China conseguiu negociar a paz entre Irã e Arábia Saudita, em um movimento elogiado no mundo todo e considerado quase impossível — um cartão de visita de peso para a diplomacia do país asiático que, atualmente, é o único que teria “capacidade de persuasão” em relação a Rússia.
Amorim disse que chineses, donos de uma “diplomacia milenar”, sabem os caminhos, mas “se acharem útil” países como Brasil ou Turquia podem ajudar a legitimar, “a dar uma característica mais unilateral” às conversas.
No momento, a China busca se posicionar como mediadora na crise da Ucrânia, mas, para o país em guerra, nenhum acordo de paz que não restaure todo o seu território capturado pelos russos é válido.
Já os Estados Unidos dizem que qualquer cessar-fogo agora apenas garantiria os ganhos de Moscou e daria ao exército russo tempo para se reagrupar.