Lula vai acabar com rali de final de ano do Ibovespa? Meta fiscal preocupa; veja o que dizem 3 analistas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode acabar com os ânimos do mercado em relação a um eventual rali de final de ano do Ibovespa (IBOV).
Depois do principal índice da B3 ter rompido a marca simbólica dos 120 mil pontos — que não atingia desde agosto de 2023 –, o mercado ficou mais otimista. Analistas gráficos, inclusive, não veem mais pontos de resistência entre o atual patamar e os 123 mil pontos.
Essa tendência traria um gás adicional para o índice, que já dá indícios de um otimismo na primeira quinzena de novembro, acumulando alta de 6,5%.
No entanto, a decisão de Lula sobre o futuro da meta estabelecida pelo arcabouço fiscal, de zerar o déficit público em 2024, pode estremecer o mercado, avaliam analistas.
A expectativa é de que o assunto seja resolvido até quinta-feira (16), prazo que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu para o relator do relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, Danilo Fortes.
Para o analista da Escola de Investimentos, Rodrigo Cohen, a revisão “é bem negativa, é péssima”. “Revisar para colocar qualquer tipo de déficit mostra uma ineficiência do governo e da equipe econômica. Mostra uma desconfiança ou uma não confiabilidade do poder de gestão, de corte de custos e de definição de metas”, diz.
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Revisão da meta fiscal vai pesar no Ibovespa?
Para Cohen, da Escola de Investimentos, uma eventual mudança da meta fiscal deve “pesar feio”. Segundo ele, nesse cenário, o mercado ficaria pessimista, fazendo com que o Ibovespa caia e o dólar suba.
“Qualquer discurso sobre revisão de meta e, nesse caso, alguma revisão para uma meta deficitária, na minha opinião, não vai ser bom. O mercado não está precificado. Sem dúvida, bolsa cai”, alerta.
O analista ainda vai além e diz que, em um cenário de não cumprimento de meta, o mercado deve ficar “pior”. “Ainda mais depois de discursos que vieram contraditórios de membros do governo, com Lula falando que não tem como cumprir e Haddad tentando corrigir”, reforça.
O analista da Mirae Asset, Carlos Soares, ressalta que, com uma eventual revisão, o mercado passa a atribuir maiores prêmio e risco ao Brasil. Isso porque a leitura é que o governo não consegue endereçar os gastos públicos e passa a se endividar mais.
Já para Gabriel Maringelli, analista da Arton Advisors, o risco de médio e longo prazo para o Ibovespa é justamente o governo não ajustar as contas públicas. “Embora o Ibovespa esteja descontado, a atratividade fica menor frente aos prêmios de risco de juros no longo prazo”, diz.
Maringelli, por outro lado, não acredita que o espaço para um rali no curto prazo seja comprometido. “É possível que o Ibovespa tenha uma recuperação nessa reta final, à medida que os dados de emprego, salário e PIB continuem suavizando nos Estado Unidos”, explica.