Política

Lula tenta arrancada final nas duas últimas semanas de campanha para vencer no 1º turno

16 set 2022, 17:26 - atualizado em 16 set 2022, 17:26
Lula
Se o cara que tem 1% quer ir para o segundo turno, por que nós não podemos querer ganhar no primeiro se falta apenas um tiquinho (Imagem: REUTERS/Carla Carniel)

O PT vai dedicar as duas últimas semanas de campanha a tentar fechar o espaço que separa as intenções de voto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de uma vitória no primeiro turno, investindo na Região Sudeste e também para atrair eleitores dos demais candidatos, especialmente Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).

Inicialmente reticente a fazer campanha aberta para uma vitória do primeiro turno, Lula mudou o discurso nos últimos dias. “Todas as eleições que eu participei nunca tivemos a chance de resolver no primeiro turno como temos nessas eleições. E não temos que ter vergonha de dizer isso”, disse Lula em conversa esta semana com comunicadores dos vários partidos e organizações que trabalham para sua campanha.

“Se o cara que tem 1% quer ir para o segundo turno, por que nós não podemos querer ganhar no primeiro se falta apenas um tiquinho? Um tiquinho. Veja quanto falta para a gente ganhar. Tem hora que é 5%, hora que é 4%, 3%”, acrescentou.

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, Lula teria hoje 48% dos votos válidos, quando são excluídos nulos e brancos. Com a margem de erro, isso significa de 46% a 50%. Para vencer no primeiro turno, ele precisa de metade dos votos mais um.

Segundo pesquisa Ipec também divulgada esta semana, o ex-presidente teria 51% dos votos válidos.

A diferença se dá, principalmente, pelas amostras das pesquisas, que tem projeção diferente das faixas de renda já que, sem o Censo que deveria ter sido feito em 2020, os institutos não têm dados precisos da realidade do país.

De qualquer forma, a campanha petista vê chances reais de uma onda perto do dia da votação, em 2 de outubro, que leve para Lula votos de eleitores de Ciro e Tebet, e investe nisso.

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa durante evento em Porto Alegre
Lula conta com artistas e outros influenciadores digitais que já declararam voto nele para conquistar eleitores nessa reta final (Imagem: REUTERS/Diego Vara)

De acordo com as pesquisas, quase metade dos eleitores de ambos ainda declaram que podem mudar de voto. Entre os “ciristas”, a maioria diz que Lula seria sua segunda opção.

No Datafolha mais recente, Ciro apareceu com 8% e Simone com 5%.

Esta semana, as principais centrais sindicais do país divulgaram uma carta pedindo o voto útil em Lula para evitar um segundo turno que, segundo os sindicalistas, só beneficiaria o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

O presidente está em segundo nas pesquisas, com 33%.

Em um texto dirigido especialmente aos eleitores de Ciro, as centrais reconhecem que muitos já apoiaram o pedetista no passado, mas que o momento agora é de união em torno de Lula.

“Os votos daqueles que ainda pretendem votar em Ciro Gomes justamente porque apostam na construção de tempos melhores farão toda a diferença neste momento, afastando de uma vez por todas a ameaça de continuidade do desgoverno de Bolsonaro”, diz a carta.

Na quarta-feira, movimentos populares que apoiam o ex-presidente também se reuniram para organizar a reta final da campanha em ações para terminar a eleição no primeiro turno.

Artistas e Celebridades

Dentro da campanha, a estratégia é incentivar essas redes de apoio ao ex-presidente a se movimentarem, nas redes e em ações nas ruas, para virar votos.

Lula conta com artistas e outros influenciadores digitais que já declararam voto nele para conquistar eleitores nessa reta final.

“A busca pelo voto para resolver no primeiro turno não vem diretamente pela campanha, apesar de Lula aqui e ali falar disso, mas via outras pessoas, artistas, gente que declarou voto e atrai eleitores, gente que estava com Ciro e mudou o voto”, disse um integrante da cúpula petista próximo ao presidente.

Lula também deve concentrar a campanha, nessa reta final, nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, maiores colégios eleitorais do país e onde sua vantagem para Bolsonaro diminuiu nas últimas semanas.

“São regiões decisivas pelo tamanho dos colégios eleitorais e o voto ali está mudando muito. Lula já esteve em uma posição mais confortável e para tentar a vitória no primeiro turno seria bom recuperar alguma coisa”, disse a fonte do PT.

Esta semana, Lula já esteve em Montes Claros (MG) e na próxima sexta-feira voltará a Minas, em Ipatinga. Na semana final da campanha, ele terá um evento com artistas, músicos e influenciadores digitais marcado para São Paulo.

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