Lula sobre Venezuela: Não é possível que não tenha mínimo de democracia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista coletiva realizada à jornalista nesta terça-feira (30), que a Venezuela possui um ‘mínimo de democracia’.
“Vai ter eleições agora. Não é possível, que de 29 eleições, o cara (Nicolas Maduro) tenha ganho 27, 25; não é possível que de 26 governadores, ele tenha eleito 19. E ele perdeu exatamente na cidade do Chaves. Não é possível que não tenha um mínimo de democracia na Venezuela“, afirmou.
Lula disse que enviou Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, à Venezuela para informá-lo sobre a situação do país.
“Fazia tempo que eu não ia para Venezuela e mandei o Celso Amorim lá. Conversar com empresários, jornalistas e a oposição para voltar e me dar uma imagem de como está a Venezuela. O que Celso me disse é que nunca viu, desde o tempo que a gente frequenta a Venezuela, uma tranquilidade (como aquela)”, discorre.
Para Lula, é importante que as pessoas, ao fazer juízo de valor dos países, não faça apenas pelo que lê. “É importante as pessoas irem lá para ver”, destaca.
O presidente tem sido alvo de críticas após declarações sobre a Venezuela. Para ele, há “narrativa de antidemocracia a autoritarismo” contra o país.
“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, afirmou.
Venezuela e Lula são criticados
Os presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Chile, Gabriel Boric, se manifestaram contra a fala.
Lacalle Pou foi direto, em discurso na primeira parte da cúpula dos presidentes da América do Sul, nesta terça-feira, e criticou as declarações de Lula.
“Fiquei surpreendido quando se falou que o que aconteceu na Venezuela é uma narrativa. Todos já sabem o que nós pensamos com respeito a Venezuela e sobre o governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que estão tratando de mediar para que a democracia seja plena na Venezuela, que se respeito os direitos humanos, que não haja presos políticos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com o dedo. Damos o nome que tem e ajudamos”, disse Lacalle Pou na mesa de reunião com Lula e o próprio presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Boric, por sua vez, defendeu que não se pode “fazer vista grossa” ou “varrer para debaixo do tapete” o tema dos direitos humanos que, para ele, remete a princípios importantes.
“Não é uma construção de narrativa. É uma realidade, é grave e tive a oportunidade de ver através dos olhos e da dor de milhares de venezuelanos que vivem em nosso país e que também exigem uma posição firme e clara de que os direitos humanos devem ser respeitados sempre e em todos os lugares , independente da cor política, do governante do dia”, disse o presidente chileno.
Com Reuters