Lula sobe o tom contra mercado e Ibovespa aprofunda queda; confira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se conteve e subiu o tom do discurso contra as pressões do mercado financeiro. Lula realizou uma reunião do a imprensa nesta terça-feira (23), onde respondeu perguntas de jornalistas e aproveitou para puxar a orelha do Banco Central.
Ao ser questionado sobre o sucessor de Roberto Campos Neto — que deixa a presidência do Banco Central em dezembro –, Lula disse que ainda está decidindo se antecipará a sua indicação ou se fará o anúncio mais próximo do fim do mandato de RCN.
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Lula aproveitou a ocasião para alfinetar Campos Neto sobre a condução da atual política monetária. Vale lembrar que o presidente do BC andou sinalizando que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode reduzir os cortes da Selic diante do aumento do risco fiscal.
“Quem já conviveu com Roberto Campos um ano e quatro meses não tem nenhum problema de viver mais seis meses. O que eu espero é que o Roberto Campos leve em conta que o Brasil não corre nenhum risco”, disse.
Ao comentar sobre a taxa de juros, o presidente disse que quem perde com a Selic alta é a população brasileira e não os empresários.
“Com todo o respeito do mercado. Eu gosto mais do Brasil do que o mercado. Eu quero mais ter um futuro despeito do que o mercado. E o meu papel é fazer as coisas para que 203 milhões de brasileiros possam levantar todo dia de manhã”, completou
Lula critica meta fiscal
O presidente também reclamou que “tudo” no Brasil é tratado como gasto, exceto o superávit primário.
“A única coisa que parece investimento é superávit primário; então eu tenho dito que tem que ser contratado os filólogos do mundo inteiro para definir o que é gasto ou investimento”, afirmou e completou dizendo que duas coisas que fazem o país se desenvolver: educação e crédito.
Vale lembrar que o governo mudou a meta de resultado primário para os próximos anos. O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, encaminhado ao Congresso, prevê déficit primário zero para o período.
Nas regras do arcabouço fiscal, aprovado no ano passado, estava determinado um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo. Além disso, a meta de 2026 foi alterada de superávit de 1% para 0,25% do PIB.
Essa mudança vem impactando nas expectativas do mercado em relação ao ritmo de cortes da Selic.
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Ibovespa cai, enquanto projeções para Selic sobem
O Ibovespa (IBOV) opera em queda nesta terça-feira, com o pessimismo dos economistas em relação à política monetária. A bolsa brasileria caia 0,64%, aos 124.826 pontos, por volta das 12h33.
Segundo o Relatório Focus, as expectativas de alta nos preços para 2024 passaram de 3,71% para 3,73%. Já para 2025, a projeção do índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram elevadas de 3,56% para 3,60%. Os demais anos permanecem as mesmas projeções de 3,50%.
Já a Selic deve encerrar o ano em 9,50%, ante os 9,13% da semana passada. A novidade é que subiu também a projeção para 2025, passando de 8,50% para 9%. Já para 2026 e 2027, a projeção é de que a taxa básica de juros se mantenha em 8,50% ao ano.
Durante as falas de Lula, o Ibovespa chegou a aprofundar a queda, caindo 0,70%.