Lula será extremo como Bolsonaro em campanha, antes de ser “paz e amor”
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Qual será o Lula candidato e o presidente, caso vença, em 2022? Será um caminho muito parecido com o traçado por Jair Bolsonaro em sua jornada para ocupar a presidência, às vezes extremos e outras acenando para o centro, avalia a MCM Consultores em um relatório enviado a clientes nesta sexta-feira (3) e obtido pelo Money Times.
“Nesta semana, em entrevista para uma rádio gaúcha, Lula foi questionado sobre a possibilidade de montar uma chapa com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin. Lula respondeu que está conversando com o quase ex-tucano. Não confirmou que Alckmin será seu vice, mas disse querer ‘construir uma chapa para ganhar as eleições'”, lembra a MCM.
Alckmin, ou qualquer outro serve?
Ou seja, segundo os especialistas, se a dobradinha com Alckmin não der certo, procurará um vice com o mesmo perfil, alguém de centro e centro-direita com estatura política suficiente para sinalizar aos eleitores e à sociedade em geral que Lula optou novamente pelo pragmatismo político e não pelo radicalismo e essa disposição de Lula pré-candidato já parece estar influenciando o comportamento da bancada do PT no Congresso.

“A votação que confirmou a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal foi secreta. Não se sabe de verdade como os senadores votaram. Mas é voz corrente no Senado que a bancada do PT votou a favor de Mendonça para não contrariar o eleitorado evangélico. E quem acompanhou a sabatina de Mendonça na CCJ do Senado percebeu que os senadores petistas não foram contundentes no questionamento ao ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro”, destaca a MCM.
Além disso, na votação da PEC dos Precatórios quatro dos seis senadores petistas votaram a favor da proposta, ao contrário do que ocorreu na Câmara, onde todos os deputados petistas se posicionaram contra.
“Mas onde está o pragmatismo de Lula quando afirma que revogará o teto de gastos, que irá alterar a política de preços da Petrobras e, principalmente, quando compara Daniel Ortega [ditador da Nicarágua] a Angela Merkel?”, questiona a MCM. Os analistas explicam as críticas ao teto de gastos e à política de preços da Petrobras pelo pragmatismo eleitoral.
“Lula tem um pé fincado na esquerda/centro-esquerda. Ele provavelmente conduzirá sua candidatura em direção ao centro, mas na campanha e, se conseguir vencer a eleição, também no governo, fará seus acenos à esquerda e tomará medidas, inclusive econômicas, que fazem parte da agenda de esquerda/centro-esquerda”, conclui a consultoria.