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Declaração de Lula sobre influência de biocombustíveis na alta dos alimentos causa incômodo no setor

07 fev 2025, 11:58 - atualizado em 07 fev 2025, 11:58
lula
Uma declaração de Lula sobre biocombustíveis não caiu bem para o setor, que defende que a produção via soja não eleva preço dos alimentos. (REUTERS/Adriano Machado)

Em entrevista a jornalistas na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou se o aumento da produção de biodiesel por meio da soja estaria impactando a alta da oleaginosa. A declaração repercutiu durante a semana e incomodou representantes do setor de combustíveis, que afirmam que não há relação entre as questões.

Na ocasião, Lula afirmou que chamaria empresários para entender por que o óleo de soja custava R$ 4 no início de sua gestão e agora está R$ 10. “Eu quero saber se a soja para o biodiesel está criando problema, eu quero saber se o milho para o etanol está criando problema e eu só posso saber disso se eu chamar os empresários da área para conversar”, disse.

De acordo com matéria da Folha de S. Paulo, entidades do setor como a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) não veem respaldo técnico na hipótese levantada pelo presidente.

Na visão da associação, Lula recebeu informações atravessadas e não pensou antes de dizer. Ainda, o setor teme que a fala influencie negativamente a imagem do país para outras nações que evitam comprar biocombustíveis do Brasil.

É o caso da União Europeia, que não compra combustíveis produzidos a partir de matérias-primas que, em alguma medida, abastecem a cadeia de alimentos, por preocupações com a segurança alimentar.

Explicação do setor

Após a declaração de Lula, empresários do setor preparam uma explicação para o governo e para a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), para dizer que apesar de elevar o preço do óleo de cozinha, o crescimento da demanda por óleo de soja (matéria-prima do biocombustível) deixa a carne mais barata.

Segundo a Aprobio, cerca de um terço da soja colhida no Brasil é esmagada e, do produto final, 20% é óleo de soja e 80% farelo, usado em rações de gados. Assim, a valorização do óleo de soja a partir da produção de biodiesel ajuda no custeio da produção e permite ao produtor diminuir o preço do farelo, que desencadeia no preço da carne.

O que os empresários devem repassar ao governo é a informação de que os preços mais altos da soja e do óleo de soja no Brasil têm relação com a alta do dólar, que eleva a exportação; e com a quebra da safra 2023-24 por problemas climáticos, que criou um cenário interno de menor oferta para o esmagamento para a produção de óleo e impactou os preços.

Em relação ao milho, o cenário internacional também é o maior responsável pela volatilidade dos preços. Ainda de acordo com a Folha, há um equilíbrio de oferta e demanda no mercado internacional, diferente de momentos anteriores, quando a produção era maior que o consumo. Mesmo com o aumento da produção de etanol de milho, os estoques brasileiros permanecem estáveis.

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Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
gustavo.silva@moneytimes.com.br
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