Internacional

Lula poderá sofrer impeachment após falas sobre Israel? Confira as repercussões do assunto

20 fev 2024, 16:54 - atualizado em 20 fev 2024, 16:54
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Falas do presidente durante visita à Etiópia geraram mal-estar na diplomacia brasileira (Imagem: REUTERS/Stringer)

Após comparar a atuação de Israel contra a Faixa de Gaza com a atuação de Hitler contra judeus, um pedido de impeachment contra o presidente Lula está em curso. Externamente, a fala também gerou comentários.

O presidente foi declarado “persona non grata” pelo chanceler israelense Israel Katz, fazendo com que ele não seja mais bem-vindo em missões oficiais no país.

Além disso, na segunda-feira (19), o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, foi convocado para voltar ao país.

Internamente, a reação dos políticos foi divergente. Enquanto o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Renan Calheiros, saiu em defesa de Lula, afirmando que a declaração foi tirada de contexto para que ocorresse polarização, diversos deputados pedem o impeachment do presidente.

O documento, de autoria da deputada Carla Zambelli, reúne 113 assinaturas e é feito com a alegação de que as declarações configuram crime de responsabilidade, de acordo com o inciso 3 Artigo 5º da Constituição Federal.

Para Daniel Toledo, advogado especialista em Direito Internacional, o pedido de impeachment deverá ser julgado e pode ser acatado, tomando como base o risco à diplomacia, previsto no artigo 5º, e à posição legal de neutralidade brasileira.

Lula critica Israel, mas posição não é novidade na América Latina

Apesar da repercussão das falas de Lula terem dominado os noticiários, inclusive internacionais, outros presidentes da América Latina já condenaram as atuações de Israel durante a guerra.

É o caso de Gustavo Petro, presidente da Colômbia. As relações entre os países ficaram conturbadas após Petro afirmar que seu governo “não apoia genocídios”, durante o fim do ano passado.

Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, veio a público defender Lula. Para Evo, a decisão de declarar o presidente do Brasil “persona non grata” é injusta.

Para Tamya Rebelo, professora de Relações Internacionais da ESPM, a fala de Lula acompanha um método já conhecido utilizado pelo presidente, o de realizar analogias, que não coube para aquele momento.

Tamya afirma que não é do interesse do Brasil romper relações com Israel, afirmando que historicamente há a defesa brasileira em manter um papel de mediação nos conflitos globais.

Para Rebelo, “Lula cai em uma situação de ter seu relacionamento com outros países do Ocidente, que já demonstraram apoio a causa israelense afetados, com o respingue da situação nas outras relações”.

Internamente, a professora afirma que a questão da guerra divide as opiniões da sociedade brasileira, afetando grupos de interesse que possuem influência. Além disso, o fato serve como munição aos seus opositores.

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