Economia

Lula pediu, empresários atenderam: Anfavea reclama de taxa de juros alta

07 fev 2023, 12:01 - atualizado em 07 fev 2023, 13:19
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Márcio Leite, presidente da Anfavea, já reclamava dos juros altos antes de Lula alfinetar empresários. (Imagem: Shutterstock/Wellnhofer Designs)

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a política monetária adotada pelo Banco Central.

Durante a posse de Aloizio Mercadanteno Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula disse que a decisão do Copom é uma “vergonha” e que não há motivos para a taxa Selic estar tão alta.

Mas o presidente aproveitou para alfinetar os empresários, dizendo que a classe empresarial precisa começar a pedir por juros menores.

“Quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. A Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] só se pronunciava no dia em que o Banco Central aumentava os juros. Agora não falam mais”, criticou Lula. “No meu tempo, 10% era muito, hoje 13% é pouco. Se a classe empresarial não se manifestar, vão achar que estão felizes.”

Márcio Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foi um dos primeiros a atender o pedido de Lula.

“Não vamos crescer e retomar a indústria com essa taxa de juros; com juro de 30% a consumidor final, é impensável retomar mercado de veículos”, disse durante a apresentação de dados do setor.

Em entrevista para o Valor Econômico, Leite disse que falas de Lula sobre juros é oportuna. “Janeiro foi marcado por falas do governo que coincidem com o que o setor automotivo tem sustentado.”

Essa não é a primeira vez que Leite reclama da Selic alta – na verdade, essa é uma queixa recorrente do empresário, que vê o setor automotivo lutando para sair da crise. 

No ano passado, ele destacou que elevadas carga tributária e inflação e os juros altos estavam comprometendo o desempenho da cadeia automotiva. Na ocasião, Leite também disse que a redução das taxas de juros era fundamental para a volta da venda de veículos, uma vez que juros baixos facilitam o acesso ao crédito e financiamentos.