Lula ou Bolsonaro: Qual o rumo da economia para o próximo governo?
No domingo (02/10), os brasileiros vão às urnas para o 1º turno das eleições. De acordo com as pesquisas, Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT) são os preferidos dos eleitores para ocupar a presidência a partir do ano que vem.
Independentemente de quem vença, a economia em 2023 promete ser um desafio para o governo.
“Estamos vindo de uma crise de pandemia que gerou problemas, como a inflação, e a gente tem visto até nos preços dos ativos uma reprecificação com mercado enxergando que os ajustes monetários para voltar a meta da inflação vai ter um custo elevado”, afirma Yihao Lin, coordenador de economia da Genial Investimentos.
O grande problema é que o risco de desaceleração global aumentou com as elevações das taxas de juros por parte dos principais Banco Centrais do mundo e isso vai sobrar para o Brasil, que é um grande exportador de commodities.
Se grandes países como China e Estados Unidos, que são os maiores parceiros comerciais brasileiros, entrarem em recessão ou simplesmente reduzirem o ritmo, o crescimento do Brasil também estará comprometido.
Na verdade, o próprio mercado já está pessimista em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) para o próximo ano. De acordo com o Relatório Focus desta semana, as projeções para a atividade econômica são de alta de 0,50%, ante um avanço de 2,67% para 2022.
Além disso, Lin destaca que, no quesito doméstico, a incerteza com arcabouço fiscal vai ser um ponto de atenção para a economia.
“A gente está com um orçamento muito pressionado e com ausência de espaço no teto de gastos. E, por enquanto, não tem nada de concreto nas discussões sobre a revisão e continuidade desse teto.”
O aumento do risco fiscal, somado aos juros mais altos nos Estados Unidos, deve resultar em uma flutuação cambial intensa nos próximo ano, com o dólar podendo chegar nos R$ 5,40.
Vitória do Lula
No caso de uma vitória do petista, é esperado um maior investimento no setor público, nas empresas estatais e programas sociais – que foi uma característica nos oito anos que o ex-presidente esteve no poder.
“Isso pode levar a um maior crescimento do consumo no curto prazo, mas também a uma inflação elevada e a maiores déficits fiscais e em conta corrente”, aponta o Goldman Sachs.
Já no médio prazo, essa estratégia de investimento na máquina pública implicaria em prêmios de risco fiscal mais altos, assim como uma maior dívida, e menor potencial de crescimento.
O banco também destaca que a agenda de Lula sinaliza estar mais comprometido com uma agenda ESG, que poderia eventualmente pagar dividendos de política externa.
Lin afirma que, caso não sejam promovidas reformas estruturais – como as que aconteceram nos governos de Michel Temer e Bolsonaro –, existe um risco maior de fragilização fiscal e uma resposta do Banco Central em manter a taxa Selic alta por mais tempo.
Vitória do Bolsonaro
No caso de um segundo mandato de Bolsonaro, o Goldman Sachs aponta para um risco fiscal geral mais baixo e uma agenda mais amigável e reformista para o setor privado.
“Além disso, esperamos ver um esforço renovado para reduzir o tamanho do Estado, por meio de privatizações e concessões, além de um papel limitado para as estatais, incluindo bancos públicos e contenção de gastos do Governo Federal.”
Embora todos os candidatos apoiem uma reforma tributária, o ministro da Economia, Paulo Guedes, poderá dar continuidade nos projetos que já tramitam no Congresso.
No entanto, o banco também alerta para uma continuação de condições de governabilidade instáveis. Lin completa lembrando que Bolsonaro quer reajustar o salário de servidores e ampliar ainda mais o Auxílio Brasil – sendo que não tem orçamento para isso.
Vale destacar também que, por mais que tenha se eleito com uma agenda liberal, o presidente tem o hábito de intervir na Petrobras (PETR3; PETR4) quando não concorda com a política de preços da companhia.
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