Lula ou Bolsonaro: O que a indústria espera para o próximo governo?
Nos últimos anos, a indústria sofreu com a pandemia, problemas na cadeia de suprimentos e montanha russa das commodities. Só no primeiro semestre de 2022, o faturamento do setor caiu 3,7%.
Para o ano que vem, as perspectivas não são as mais positivas: o mercado se prepara para uma desaceleração da economia global, puxada pela alta de juros dos Federal Reserve e valorização do dólar.
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E o Brasil não vai escapar desse movimento. As projeções do mercado no Relatório Focus apontam para uma alta quase simbólica de 0,50% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2023, ante alta de 2,67% este ano.
Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que o próximo governo terá um compromisso com o crescimento da economia.
“Reafirmamos a necessidade de a economia nacional voltar a crescer de forma vigorosa e sustentada, e criar oportunidades de trabalho para os milhões de desempregados, além de elevar a renda e a qualidade de vida da população”, afirma.
O que a indústria quer
A confederação compilou cinco estudos sobre a economia brasileira e montou um documento de “Propostas da Indústria para as Eleições 2022”, que, segundo a CNI, foi entregue aos pré-candidatos à Presidência.
Entre as propostas listadas do que é preciso ser feito para garantir a retomada do setor e o crescimento do país está a aprovação da PEC 110, que envolve a reforma tributária. A ideia é substituir os tributos incidentes sobre o consumo por um Imposto sobre o Valor Adicionado (IVA).
Também é sugerida a redução da tributação das empresas de 35% para patamar abaixo da média de 23% das práticas tributárias da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Além disso, a CNI destaca que é preciso equilibrar os gastos públicos, sendo necessário manter a Lei de Responsabilidade Fiscal e o teto de gastos.
“Retrocessos nas regras fiscais levariam à desvalorização do real, e consequentemente, ao aumento da inflação e da taxa de juros”, diz o documento.
Em relação à inflação, o setor destaca que o governo precisa controlar a alta nos preços. Vale lembrar que, em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou queda de 0,36% – acumulando alta de 8,73% em 12 meses.
Apesar de essa ser a segunda queda consecutiva no indicador, a deflação foi puxada pelas medidas do governo para reduzir o ICMS sobre combustíveis e energia elétrica, além do reajuste de preços da Petrobras (PETR3; PETR4).
Isso pode ter um efeito limitado na inflação. E o próprio Banco Central já espera novas altas nos preços.
A CNI também pede a renovação da Medida Provisória nº 2.199-14/2001, que promoveu o aumento de investimentos nas áreas de atuação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintendência Desenvolvimento Amazônia (Sudam) com incentivos fiscais de redução de 75% do Imposto de Renda Pessoa Jurídica.
O prazo deste incentivo fiscal termina em 31 de dezembro de 2023 e a proposta é de que ele seja renovado até 2028.
Por fim, o setor busca pela ampliação e redução do custo do crédito bancário, além de aumentar o financiamento não bancário.
O que os candidatos falam
Liderando nas pesquisas eleitorais, Lula (PT) propõe a reindustrialização nacional em novas bases tecnológicas e ambientais.
“Vamos reverter o processo de desindustrialização e promover a reindustrialização de amplos e novos setores e daqueles associados à transição para a economia digital e verde”, diz em seu programa de governo.
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Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, destaca que o sistema de propriedade industrial do país precisa ser fortalecido. Ele também quer incentivar o desenvolvimento da indústria 4.0.
“Devem-se buscar parcerias comerciais e tecnológicas com aquelas nações que ofereçam respostas às necessidades do País, que complementem aquilo que não é possível ser integralmente dominado pela indústria nacional e que estejam dispostas a ser nossas sócias para diversificar e melhorar o que é feito aqui”, diz.
Veja a proposta de Lula na íntegra
Veja a proposta de Bolsonaro na íntegra
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