Lula: O que construtoras esperam da volta do Minha Casa Minha Vida?
Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da República para os próximos quatros anos e uma das promessas de campanha é a volta do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Na verdade, o programa nunca deixou de existir. Só mudou de nome no governo de Jair Bolsonaro, em 2020, para Casa Verde e Amarela (CVA).
No mês passado, analistas disseram ao Money Times que, no curto prazo, a volta do MCMV não deverá ter impactos no setor da construção civil. Porém, a partir de 2024, o programa habitacional poderá sofrer mudanças.
O que acham MRV, Cury e Direcional?
O setor, por sua vez, mostra tranquilidade quanto ao futuro do programa do governo federal, independentemente do nome que tenha. Pelo menos é o sentimento passado por executivos das construtoras MRV (MRVE3), Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3) em entrevista ao Money Times.
“Temos um programa habitacional em constante evolução, que passou por diferentes visões políticas e que seguiu com a mesma espinha dorsal. A estrutura do Minha Casa Minha Vida é muito boa e a tendência é que a espinha permaneça”, avalia o CEO da MRV&Co, Eduardo Fischer.
“Ele passou por vários presidentes [Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro] e é um programa vencedor. E as mudanças recentes foram para melhor”, acrescenta o diretor de relações com investidores (RI) da Direcional Engenharia, Paulo Sousa.
Já o diretor de relações com investidores da Cury, Ronaldo Cury, diz que a construtora e incorporadora não conta com “mudanças maiores” no programa, seja Casa Verde e Amarela ou Minha Casa Minha Vida. Nem que o programa seja turbinado.
“O setor levou propostas, sugestões à campanha de Lula. O Brasil tem um déficit habitacional enorme. E para atender essas faixas mais baixas de renda é preciso de subsídio, mas com responsabilidade fiscal”, pondera.
Preparados para mudanças
Os executivos das três construtoras disseram que as empresas estão preparadas, caso haja mudanças no programa habitacional em 2023.
“A gente sabe fazer produtos para rendas mais baixas. Vamos repetir a mesma estratégia de 2022 em 2023, trabalhar com as faixas mais altas do CVA e um pouco fora”, diz o RI da Cury. “A Direcional opera em todas as faixas do CVA e com uma certa facilidade de atuação. Se tiver alguma mudança, acredito que continuaremos sendo um dos players referência do programa”, reforça Sousa.
Já Fischer, da MRV&Co, diz não ver razões para mudanças. “Esperamos melhorias e evoluções. O Brasil tem um programa habitacional amadurecido”, acrescenta.
Lula à casa torna
O novo governo é um velho conhecido das construtoras. O Minha Casa Minha Vida foi criado em 2009, no segundo mandato de Lula, propondo combater a falta de moradia da população de baixa renda e, à época, uma forma de estimular a economia doméstica para conter os efeitos da crise global de 2008.
Para Fischer, Lula tem uma visão muito forte para habitação, assim como o presidente Bolsonaro tinha. “A construção civil gera empregos, é importante para a economia”, comenta.
“O governo que está entrando é um governo que gosta bastante do programa habitacional. Foi na gestão dele que o Minha Casa Minha Vida foi criado”, ressalta Cury. Já o executivo da Direcional diz que há “poucas informações de como será o novo governo”. Contudo, “é cedo para conseguir formar alguma opinião”, diz.
Já o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e CEO da construtora Plano&Plano (PLPL3), Rodrigo Luna, observa que o governo Lula é um velho parceiro da habitação.
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