Economia

Lula não vai interferir no Banco Central, diz Padilha

19 jan 2023, 15:29 - atualizado em 19 jan 2023, 15:29
Lula, Banco Central
Ontem, em entrevista para a GloboNews, Lula criticou a autonomia do Banco Central. Mercado recebeu mal as falas. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respeita a autonomia do Banco Central e que não interferirá na autoridade monetária.

Ontem, em entrevista para a GloboNews, Lula criticou a autonomia do Banco Central.

Ele disse que se achou que a independência do Banco Central traria melhoras para a economia, mas destacou que, mesmo com a autoridade monetária independente, “a inflação está do jeito que está e o juro está do jeito que está”.

“Duvido que esse presidente [Roberto Campos Neto] seja mais independente do que foi o Meirelles”, afirmou e ainda disse ser “bobagem” achar que um presidente independente vai fazer mais do que o presidente indicado.

Padilha publicou em seu Twitter que Lula respeita o Banco Central, que em governos anteriores deu plena autonomia à autarquia e que “não vai mudar de postura agora”.

Ele ainda destacou que o governo sabe da importância do Banco Central.

Os comentários de Lula foram mal recebidos pelo mercado e contribuíram para a forte alta do dólar e os juros futuros nesta quinta-feira.

“Esta afirmação preocupa, pois indica um elevado nível de desinformação do presidente sobre as regras que regem a autonomia do Banco Central”, afirma Rafael Passos, analista da Ajax Capital. “Além disso, Lula desconhece as verdadeiras causas da alta inflação, que estão relacionadas com os efeitos da pandemia tanto do lado da demanda, como da oferta. É um fenômeno global, que obrigou a maioria dos bancos centrais a apertarem fortemente suas políticas de juros”, completa.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, classifica os comentários como institucionalmente descabidos e afirma que Lula demonstrou sua inabilidade sobre economia.

“A lógica exposta está distante da realidade, visto que os anúncios das novas metas se deram para horizontes além do relevante para política monetária. Em outras palavras, como se definiu que a meta seria menor em um ano no qual a política monetária ainda não tinha potência, a convergência ocorre pela credibilidade da autoridade, em consonância com um regime fiscal adequado”, afirma.

Os economistas da CM Capital também destacam que, quando perguntado sobre a nova âncora fiscal, o presidente se mostrou desconfortável e disse que seu governo não irá gastar mais do que arrecada.

“Para o mercado, as falas de Lula colocam em xeque o discurso moderado que o ministro da FazendaFernando Haddad, vem tentando adotar”, dizem em relatório.