Lula: Não bato no Banco Central, mas BC não é intocável; confira a entrevista
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar hoje a política adotada pelo Banco Central em relação à taxa de juros. A declaração foi feita à imprensa, durante viagem ao Reino Unido, após participar da cerimônia de coroação do Rei Charles III. O presidente retorna ao Brasil ainda neste sábado (6).
Lula não citou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a quem chama de cidadão. Para ele, Campos Neto não tem responsabilidade com o governo federal nem com o Brasil, mas com “aqueles que gostam de juros altos”. Vale lembrar que nesta semana o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 13,75% pela sexta vez.
“Ele [Campos Neto] tem compromisso com o outro governo, que o indicou. É importante isso ficar claro”, disse Lula, referindo-se ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Por isso, Lula disse que, enquanto presidente do Brasil, deve reclamar do presidente do Banco Central. “Se eu não puder, quem vai reclamar? O presidente americano [Joe Biden]?”, indaga. “Então, me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas não é intocável”, diz.
Lula, BC e a autonomia
Ao falar da autonomia do BC, Lula voltou a dizer que, por lei, o BC também tem “compromisso com o crescimento econômico e com o aumento de salários, do poder aquisitivo do povo”, além do controle da inflação. Então, para ele, o BC deve cuidar “dos três”. “Com juros a 13,75%, os outros dois não serão cumpridos”, afirmou.
Além disso, Lula comparou a atuação de Campos Neto com a de Henrique Meirelles, que presidiu o BC nos mandatos anteriores de Lula, de 2003 a 2010. “Duvido que esse cidadão [Campos Neto] tenha mais autonomia que o Meirelles teve. Só que o Meirelles tinha responsabilidade de ter um governo discutindo com ele, olhando as preocupações. Esse cidadão não tem”, emendou.