Economia

Lula leva Banco Central para lado pessoal e se desgasta com mercado; entenda

20 jun 2023, 15:16 - atualizado em 20 jun 2023, 15:16
Lula, Campos Neto, Banco Central
Banco Central deve manter a Selic em 13,75%, apesar das pressões do governo para cortes. (Montagem: Money Times)

Apesar da orientação da ala política de reduzir os ataques ao Banco Central e Roberto Campos Neto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dificuldades de controlar as críticas em relação à atual política monetária.

Ontem, durante a live semanal “Conversa com o presidente”, Lula disse que Campos Neto precisa explicar porque a autoridade monetária mantém os juros em 13,75%, sendo que o Brasil está com uma inflação anual de 5%.

“Apenas o juro precisa baixar, porque também não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei o porquê ele não baixa, mas ao povo brasileiro e ao Senado, por que ele não baixa [a taxa]”, disse.

Confira a live do Lula desta semana

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, Lula excedeu as críticas ao juro elevado, personificando o ataque ao órgão ao direcioná-lo ao presidente do Banco Central.

“O presidente da República novamente ignora o fato de a decisão ser tomada de forma colegiada, personificando a crítica, e, além disso, a torna pessoal e não técnica, além de insinuar que outros aspectos que fogem ao técnico têm sido considerados para a condução do juro”, afirma.

Vale lembrar que Lula não pode tirar Campos Neto da presidência do Banco Central. Por causa da Lei de Autonomia, somente quem pode fazer isso é o Senado e, apenas se o líder da autoridade monetária não estiver cumprindo o objetivo de controlar a inflação. Com isso, o mandato de Campos Neto vai até 2024.

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Banco Central: Últimos dias da Selic em 13,75%

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne hoje e amanhã para decidir o futuro da taxa básica de juros. A expectativa é de que o Banco Central mantenha a Selic em 13,75%, mas sinalize um eventual corte a partir da reunião de agosto.

A projeção é de que na primeira reunião do segundo semestre, será promovido um corte de 0,25 ponto percentual, passando a taxa de juros passando para 13,50% ao ano, um corte de 0,25 ponto percentual.

O ciclo de aperto monetário do Banco Central começou em março de 2021, quando os juros estavam em 2%, o menor patamar histórico. As altas foram até agosto do ano passado, quanto a Selic atingiu o seu atual patamar de 13,75%, o mais alto desde janeiro de 2017.

Na semana passada, Campos Neto apontou que a afrouxamento dos juros está próximo.  “A curva de juros futuros tem tido queda relevante. Isso significa que o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária à frente”, disse em evento do setor de varejo em São Paulo.