Coluna do Market Makers

Lula já é 73% Dilma, segundo a Faria Lima. Veja o que isso significa, na prática

02 mar 2023, 12:15 - atualizado em 29 mar 2023, 18:30
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“Após 60 dias de mandato, está claro que o mercado financeiro já precifica Lula com Dilma”, diz Renato Santiago (Montagem: Market Makers)

Por Renato Santiago*

Às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva escondia com afinco quais seriam suas diretrizes macroeconômicas caso fosse eleito.

Jogando no escuro, o mercado financeiro lhe cobrava um plano, mas dava o benefício da dúvida (ao menos publicamente): seu terceiro mandato poderia ser de mais ortodoxia fiscal, como foi o primeiro (2003-2006), ou de mais desenvolvimentismo, como o de Dilma Rousseff (2011-2014).

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Era isso que ouvíamos em outubro, novembro e dezembro do ano passado.

Após 60 dias de mandato, está claro que o mercado financeiro já precifica Lula com Dilma. Para ser mais preciso: 73% como Dilma.

Dê uma olhada no gráfico abaixo, elaborado pela Studio Investimentos:

NTN-B entre 2010 e esta semana. O importante deste gráfico é perceber a distância entre o momento atual e o pico, de 2016.

A linha laranja é a taxa da NTN-B para 2050; a azul, o mesmo título de 2030. Esse número é, na prática, quanto o mercado cobra de juros reais para emprestar dinheiro para o governo. Ele é uma excelente medida do que o mercado acha da capacidade de pagamento do Tesouro Nacional. Se algo no Brasil pode ser considerado um score de crédito do governo, isso é o que chega mais perto.

O ponto mais alto do gráfico, considerando a linha laranja, acontece no auge da crise do governo Dilma: 7,63% ao ano em 22 de setembro de 2015. No último dia 27, esse número era de 6,42%. O que pode ser interpretado como: o mercado já enxerga nesse governo 73% do risco que enxergava no governo Dilma.

(Como o risco nunca vai ser zero, nesse tipo de cálculo o mercado subtrai o mínimo do período, de 3,23%, resultando em [6,42 – 3,23] / [7,63 – 3,23] = 73,18%).

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Em grande medida, essa desconfiança maior do mercado financeiro foi…

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*Renato Santiago é cofundador do Market Makers.