Lula ganha reforço na cruzada contra a Selic de 13,75% em plena semana de Copom
Ontem, durante ato sindical pelo Dia do Trabalho, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o atual patamar da taxa Selic.
“A gente não pode viver mais em um país onde a taxa de juros não controla a inflação. Ela controla, na verdade, o desemprego nesse país, porque ela é responsável por uma parte do que vivemos hoje”, afirmou.
Desde que assumiu o poder, Lula vive em pé de guerra com o Banco Central. Para o presidente, a taxa básica de juros está muito alta e isso atrapalha na recuperação econômica e o mercado de crédito. Além disso, ele já questionou a autonomia do Banco Central e a lealdade do presidente Roberto Campos Neto.
Confira o discurso de Lula no ato de 1º de Maio
Reforço de Simone Tebet
Lula também ganhou um reforço na sua posição. Em entrevista para o Valor Econômico, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que a aprovação do arcabouço fiscal deixará o Banco Central sem alternativa em relação à Selic.
“Não terá mais desculpas para não baixar o juro no Copom, nem que seja 0,25 ponto percentual. A cada condição que o BC coloca e a gente vai resolvendo, eles vão colocando outras. Vão colocar mais o quê?”, questionou.
Tebet era vista como um contraponto dentro do governo. No entanto, ela começou a endurecer as falas em relação ao Banco Central. Durante um debate organizado pelo Senado na semana passada, a ministra criticou o discurso de Campos Neto de dizer que as decisões da autoridade monetária são técnicas.
“O Banco Central também não pode considerar que as suas ações são apenas técnicas; são técnicas, mas também são decisões que interferem na política, especialmente os seus comunicados e as suas atas”, disse Tebet na ocasião.
Reunião do Copom e futura da Selic
Nesta terça-feira (2) acontece a primeira etapa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir o futuro da taxa Selic.
Esta fase é reservada às apresentações técnicas de conjuntura; já a segunda — que acontece amanhã — é para decisões das diretrizes de política monetária.
A expectativa do mercado é de que o Banco Central opte pela manutenção da taxa básica de juros, que atualmente está no patamar de 13,75% ao ano desde agosto de 2022. No entanto, a autoridade monetária pode já sinalizar quando pretende cortar os juros.