Lula fecha primeiro escalão com MDB, PSD e União Brasil, mas desagrada siglas menores
Depois de semanas de negociação, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira os 16 nomes que completam o primeiro escalão seu governo, atraindo o PSD, União Brasil e MDB para sua coalizão, mas desagradando siglas como PV e Solidariedade, que o apoiaram desde a campanha eleitoral.
“Depois de muitas conversas, muitos ajustes, terminamos de montar o primeiro escalão do governo. Depois da posse discutiremos o segundo escalão e os cargos nos estados”, disse Lula, ressaltando que ainda faltam cargos para serem definidos. “A construção do governo vai continuar depois da posse”, seguiu.
Marina Silva (Rede) foi confirmada no Ministério do Meio Ambiente e Simone Tebet, no Planejamento, além de o petista ter ratificado a criação de uma pasta dos Povos Indígenas que ficará sob o comando de Sonia Guajajara (PSOL).
No entanto, ficaram de fora do anúncio desta quinta a presidência da Petrobras e os comandos do Banco do Brasil e da Caixa deverão ser duas mulheres que, segundo o futuro ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Lula pode definir ainda na sexta.
De acordo o próprio presidente eleito, ainda levará um tempo para o governo definir a direção da Petrobras. Indicado para o Ministério de Minas e Energia, o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) deu como prazo para a indicação janeiro.
Xadrez
Todo o esforço de costura de Lula visa garantir uma coalizão de apoio ao governo no Congresso. A soma dos deputados dos partidos aliados neste momento alcança 282 um pouco menos que os 308 necessários para aprovação de uma emenda constitucional.
Não há, porém, a garantia de que as siglas aliadas conseguirão entregar todos os votos que oa gestão governo precisa, especialmente PSD e União Brasil, que ainda tem parlamentares mais alinhados ao governo Jair Bolsonaro.
O presidente eleito liderou as negociações para a formação do ministério, que se arrastaram até momentos antes do anúncio, marcado para às 11h , mas que só começou efetivamente perto das 13h.
Ainda no final da manhã, Lula estava reunido com o presidente do União Brasil, Leonardo Bivar, para acertar as indicações. Pouco antes, o deputado Paulo Azi (BA), havia recusado o posto de ministro das Comunicações, que acabou ficando com o deputado Juscelino Filho.
Inicialmente com a intenção de ceder ao União Brasil e ao PSD duas vagas no primeiro escalão, Lula teve que ceder às demandas dos partidos por um número igual ao MDB que, além da senadora Simone Tebet, indicada ao Planejamento, recebeu Tranportes, para o senador eleito Renan Filho (AL), e Cidades, para Jader Filho (PA)
Coube ao PSD Agricultura, com o senador Carlos Fávaro (MS), Minas e Energia, com Alexandre Silveira, e Pesca, para o deputado André de Paula (PE).
Já ao União Brasil ficou, além das Comunicações, cpom Turismo, reservado pra a deputada Daniela Cordeiro (RJ) –esposa do prefeito de Belfort Roxo, Waguinho Cordeiro, que apoiou Lula nas eleições deste ano. Além disso, foi também para a cota do partido Integração Nacional, para o qual foi apontado o governador do Amapá Waldez de Goes.
Do PDT, Goes chegou ao cargo por indicação do líder do União Brasil no Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), e vai se licenciar do partido para poder ocupar o posto, em um arranjo que teve de ser bancado por Alcolumbre e inicialmente desagradou a direção da sigla.
Três partidos que apoiaram Lula desde o início da campanha eleitoral ficaram de fora do primeiro escalão: Solidariedade e PV e Avante. O primeiro disputava o ministério da Previdência, que acabou ficando com o presidente do PDT, Carlos Lupi, enquanto o PV pleiteava a Pesca, entregue ao PSD para garantir a cota de três ministérios pedida pelo partido.
“Temos outros passos ainda na montagem do governo. Nesse esforço de continuidade da montagem do governo vai aumentar o espaço de relação com os partidos”, disse o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), indicado para a Secretaria de Relações Institucionais, afirmando que as legendas serão contempladas em cargos nos estados ou de segundo escalão.
Padilha afirma que ainda não se falou com os presidentes dos partidos, nas negociações, sobre apoio parlamentar, e isso será feito depois da posse.
“Agora vamos conversar com cada líder dos partidos para chegar em fevereiro com uma base sólida”, afirmou.