Mercados

Lula estressa mercado com promessa de campanha porque investidor só vê copo ‘meio vazio’; entenda

21 nov 2022, 10:15 - atualizado em 21 nov 2022, 10:15
ações do 'kit lula'
Mercado doméstico tem se mostrado sensível ao noticiário sobre o novo governo, em meio às indefinições sobre terceiro mandato de Lula, mas não vislumbra horizonte de médio prazo

O mercado financeiro tem se mostrado sensível ao noticiário sobre o novo governo e não dá o benefício da dúvida, diante dos erros passados do PT. Porém, há quem diga que a reação do Ibovespa, do dólar e dos juros futuros às especulações que antecedem a posse em 2023 é passageira e a mão que hoje bate pode ser a mesma que afaga daqui a algum tempo. 

“O mesmo mercado que hoje está em pânico será o mesmo que irá achar barato”, comentou pelas redes sociais o economista André Perfeito

Citando Chico Buarque de Holanda, o economista lembra que “um copo vazio está cheio de ar”. Para ele, o problema é que os ativos de risco não estão tentando ver o copo “meio cheio” e só enxergam as bolhas que se formam no ar por causa das preocupações com a responsabilidade fiscal, diante da pauta de inclusão social

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O tempo do mercado x o tempo de Lula

Nesse sentido, o cientista político Alberto Carlos Almeida avalia que é necessário ver a relação entre o governo eleito e o mercado financeiro tomando-se o ponto de vista de cada um. 

“No mercado financeiro, ganha-se e perde dinheiro diariamente. Então, se tem no curtíssimo prazo variações estupendas”, diz. Já do lado da política, Lula sabe que irá governar por pelo menos quatro anos. 

Segundo Almeida, que também é diretor do Instituto Brasilis, o discurso do presidente eleito no pós-eleição tem muito a ver com a política de governo no médio prazo. Contudo, há um objetivo político para que a principal promessa de campanha ocorra agora. 

“Lula quer assegurar, antes mesmo de começar formalmente o governo, o atendimento ao eleitorado primário do PT, que são as pessoas mais pobres localizadas em todo o Brasil, mas particularmente no Nordeste”, explica.  “Ele quer tirar isso da frente”, emenda. 

Meio cheio ou meio vazio?

Feito isso, o novo governo começa a negociar outras pautas, como as reformas (tributária e administrativa). “É uma coisa de cada vez. É cada coisa no seu tempo. A agenda vai caminhar para frente”, avalia o cientista político. 

Portanto, os objetivos políticos do presidente eleito vão mudar no decorrer do terceiro mandato. E é essa visão de um horizonte mais à frente que o mercado ainda não vislumbra e considera somente os riscos atuais, relegando qualquer ajuste na contas públicas e na agenda de governo.

Ou seja, os investidores só olham o copo “meio vazio”, em meio às indefinições – que tendem a ser resolvidas em breve. 

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