Lula escolheu para equipe econômica nomes semelhantes ao governo Dilma e aos dois mandatos anteriores, alerta Guide
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva escolheu, até agora, nomes para o próximo governo não muito diferentes dos que começaram os dois mandatos anteriores do petista. Além disso, os indicados se assemelham em muito aos escolhidos por Dilma Rousseff.
O alerta foi feito pela Guide Investimentos. “São pessoas alinhadas com o PT (e não técnicos) que irão ocupar diversos cargos importantes”, afirmam os analistas Fernando Siqueira, Rodrigo Fraga e Gabriel Garcia, em relatório.
Segundo eles, os nomes definidos até agora são de pessoas ligadas ao partido há bastante tempo. Mas vários outros nomes ainda não foram definidos, o que dificulta a redução da incerteza nos mercados.
Ainda mais porque parece ainda haver espaço para novas nomeações com perfil heterodoxo para diversos cargos relevantes. “Até agora, poucos nomes foram divulgados e boa parte do programa do próximo governo parece se resumir em aumentar os gastos públicos”, resume o time de análise da Guide.
Confira os nomes escolhidos por Lula e Dilma
No primeiro mandato de Lula, em 2003, Antônio Palocci assumiu o Ministério da Fazenda, enquanto Guido Mantega ocupou, inicialmente, a Pasta do Planejamento.
Depois, já no governo Dilma, Mantega seguiu no cargo da Fazenda, ocupado após a saída de Palocci, tornando-se o mais longevo no ministério. À época, Miriam Belchior era a então ministra do Planejamento.
Já na Casa Civil, enquanto Lula optou por José Dirceu, Dilma escolheu outra mulher, a agora presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Entre as empresas estatais, Lula elencou José Eduardo Dutra para a Petrobras, cargo depois ocupado por Sérgio Gabrielli, onde seguiu durante o governo Dilma. Para o BNDES, o petista escolheu Carlos Lessa e Dilma, Luciano Coutinho.
“Com a informação atual, a dúvida dos investidores parece bem amparada na evidência histórica”, avalia a Guide, citando Fernando Haddad para Fazenda, Rui Costa para a Casa Civil e Aloizio Mercadante para o banco de fomento.
Qualquer semelhança não é mera coincidência
Para o time de análise, essas indicações atuais parecem caminhar para um governo Lula 3.0 mais heterodoxo, similar ao que foi visto no governo Dilma.
A Guide lembra que enquanto o governo Lula (2003-2010) foi marcado por um crescimento elevado e inflação baixa, o governo Dilma foi o oposto. O período da sucessora foi marcado por menor rigor fiscal e políticas heterodoxas ou intervencionistas nas estatais.
“A diferença é que o período do governo Dilma foi muito ruim para a economia brasileira e para os investimentos”, lembra a Guide. Para a corretora, apenas a definição dos secretários nos ministérios da Fazenda e Planejamento, além da diretoria da Petrobras e BNDES, irão ajudar a entender melhor as diretrizes do próximo governo Lula.