Lula diz que ‘quem quer o Banco Central independente é o mercado’ e reclama de Selic ‘exagerada’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a autonomia do Banco Central (BC) e o patamar elevado da taxa de juros brasileira, em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana (BA).
“Quem quer o Banco Central independente é o mercado, que faz parte do Copom, que determina meta de inflação, que determina política de juros”, disse.
Segundo o presidente, não se pode ter uma autoridade monetária que não está de acordo com o que a população quer. Ele disse que não dá para o presidente do BC, a quem se referiu como “cidadão”, ser mais importante que o presidente da República.
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“O que não dá é para o cidadão [presidente do BC] ter um mandato e ser mais importante do que o presidente da República. O Banco Central precisa ser de uma pessoa que seja indicada pelo presidente”, afirmou.
Lula reiterou que “o correto é que, ao entrar um presidente da República, ele indique um presidente do Banco Central”. No entanto, destacou que “não faz disso uma profissão de fé” e ponderou que inflação baixa é sua obsessão.
“Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar um candidato e ver se a gente consegue um presidente do Banco Central que veja o Brasil do jeito que ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala”, ressaltou.
Lula critica Selic elevada
O presidente da República voltou a afirmar ainda que o Brasil não precisa ter uma política de juros alta neste momento.
“A taxa Selic a 10,50% está exagerada”, afirmou Lula ao ressaltar que a inflação já está “controlada”.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cheio acelerou nos últimos três meses, sendo que, em maio, superou o consenso do mercado e subiu 0,46%.
Em 12 meses até o quinto mês do ano, o indicador acumula alta de 3,93% e está acima do centro da meta para 2024, de 3%.
Segundo o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, a manutenção da Selic em patamar contracionista por “horizonte relevante” está alinhada com a estratégia de convergência da inflação de 2025 para o redor da meta.