Lula diz que não quer agradar ninguém com opiniões sobre a invasão da Ucrânia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não quer “agradar ninguém” com suas opiniões sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, depois de provocar críticas no Ocidente por sugerir que Kiev foi em parte responsável pela guerra.
Falando em Lisboa neste sábado (22), no início de sua primeira visita à Europa desde que foi eleito presidente, Lula disse que seu objetivo é “construir uma maneira de trazer os dois (Rússia e Ucrânia) para a mesa”.
“Quero encontrar uma terceira alternativa (para resolver o conflito), que é a construção da paz”, disse ele em entrevista coletiva. Lula foi criticado no Ocidente por sugerir que Ucrânia e Rússia são os culpados pelo conflito que começou quando Moscou invadiu seu vizinho em fevereiro de 2022.
Na semana passada, ele disse que os Estados Unidos e os aliados europeus deveriam parar de fornecer armas à Ucrânia, dizendo que estavam prolongando a guerra. “Se você não está fazendo a paz, está contribuindo para a guerra”, disse Lula. A Casa Branca acusou Lula de “papagaiar” a propaganda russa e chinesa.
Presidente português discorda de Lula
Lula chegou a Portugal na sexta-feira para uma visita de cinco dias enquanto se esforça para melhorar as relações internacionais. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que acompanhou Lula na entrevista coletiva, disse que a posição entre os dois países sobre a guerra é diferente.
Portugal é membro fundador da Otan e já enviou equipamento militar para a Ucrânia. Rebelo de Sousa disse que a Ucrânia tem o direito de se defender e “recuperar” o seu território.
Os comentários de Lula sobre a guerra irritaram a comunidade ucraniana em Portugal, onde ocorreu uma manifestação em frente à embaixada brasileira na sexta-feira.
Mais cedo no sábado, Lula participou de uma cerimônia de boas-vindas fora do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. Dois simpatizantes da Ucrânia carregando uma bandeira e um cartaz não foram autorizados a ficar perto da área da cerimônia porque policiais disseram que eles não haviam solicitado autorização para protestar.
Portugal, onde vivem cerca de 300 mil brasileiros, e Brasil assinarão vários acordos durante a visita relacionados a tecnologia, transição energética, turismo e cultura.
O Brasil disse que Portugal poderia ser um “aliado importante” para ajudar o bloco sul-americano do Mercosul a negociar um acordo de livre comércio com a União Europeia.