Internacional

Lula diz estar otimista e pronto para assinar acordo UE-Mercosul

25 set 2024, 18:12 - atualizado em 25 set 2024, 18:12

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que está otimista em relação à efetivação do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, acrescentando que o Brasil quer concluir sua assinatura para negociar outros acordos.

Lula relatou que disse à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na terça-feira, que o Brasil está pronto para assinar e que agora a responsabilidade é toda da União Europeia.

“Nós estamos prontos para fazer o acordo, e ainda disse para ela: ‘se vocês se prepararem nós poderemos assinar durante a reunião do G20’. Ou, quem sabe, até em uma reunião com champagne na sede da União Europeia. Estamos prontos e eu acho que vai sair o acordo. E nós precisamos que saia o acordo, porque nós temos muitos outros acordos para fazer”, disse Lula em uma entrevista coletiva após participar da Assembleia Geral da ONU esta semana, em Nova York.

No início deste mês, as delegações retomaram pela primeira vez, desde abril, as negociações presenciais do acordo. Fontes ouvidas pela Reuters à época destacaram que houve progressos significativos, especialmente em questões consideradas mais difíceis para os sul-americanos, nas áreas ambiental e de compras governamentais.

A expectativa depois da rodada de negociações é de que seja possível fechar o acordo até o final deste ano, como planeja o presidente. Um novo encontro deve acontecer no próximo mês para tentar acertar pontos pendentes.

Um grupo de 11 países da UE pediu, em carta a Van der Leyen, uma rápida conclusão do acordo, que se arrasta há 25 anos.

“É urgente garantir os progressos alcançados até agora e encerrar as negociações. Acreditamos que todos os elementos estão reunidos para permitir uma rápida conclusão das negociações até ao final de 2024”, diz o documento assinado pelos primeiros-ministros de Alemanha, Espanha, Portugal, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Croácia, Estônia, Letônia, Luxemburgo e República Checa.

Uma das dificuldades que vêm sendo trabalhadas pelos negociadores é o impacto das lei antidesmatamento da União Europeia, que entra em vigor em dezembro. As restrições impostas à importação de produtos que possam ter origem em áreas que foram desmatadas atingem diretamente o Brasil. Elas vêm sendo objeto de reclamações do governo brasileiro.

Um dos receios é de que a lei acabe por afetar as cotas de importação da UE em setores que incluem carne bovina, cacau, café, soja, óleo de palma, madeira, borracha, couro, móveis e celulose.

No início deste mês o governo brasileiro enviou uma carta ao comando da UE pedindo que a implementação da lei fosse adiada. Entre as alegações está a de que ela tinha problemas para ser interpretada e cumprida, além de interferir na soberania de outros países.

Ainda não há uma resposta concreta, mas alguns dias depois o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, também pediu o adiamento da implementação para julho de 2025, alegando que pontos-chave do texto ainda precisam ser esclarecidos e que as empresas precisam se preparar.