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Lula discute acordo União Europeia-Mercosul com Macron

24 jun 2023, 11:58 - atualizado em 24 jun 2023, 11:58
Lula, Brasil, Política, Itália, Mercosul
Lula discute com Macron sobre divergência no acordo União Europeia-Mercosul (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste sábado (24) que discutiu com o seu colega francês, Emmanuel Macron, as diferenças dos dois lados sobre o acordo União Europeia-Mercosul, e destacou que é preciso negociações sem arrogância tanto dos europeus como dos sul-americanos.

“Ele (Macron) nos disse que a gente pode discutir, que não tem tema proibido para discutir. Nós sabemos qual é o tema dele, ele sabe qual é o nosso tema”, disse Lula em entrevista a jornalistas em Paris no encerramento de viagem a Itália e França. Na véspera, Lula teve um almoço de trabalho com Macron.

“Eu acho normal que a França tente defender a sua agricultura. Acho normal. Pode ser um ponto de mais dificuldade de inflexão, mas é normal que eles também compreendam que o Brasil não pode abrir mão das compras governamentais”, acrescentou.

Sempre um ponto de contencioso nas negociações, que levam mais de 20 anos, as compras governamentais foram uma questão em que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro havia cedido para tentar acelerar o fechamento do acordo. Lula, no entanto, tem mantido posição firme desde que tomou posse em janeiro.

“O fato de ter dois pontos que são dois pontos nervosos e dois pontos considerados essenciais para os dois lados, ora, a gente pode não fazer acordo com esses, mas vamos melhorar outras coisas”, afirmou.

Apesar das dificuldades, o presidente procurou mostrar otimismo sobre um entendimento. “Como eu sou um ser humano que acredita muito na capacidade de negociação… por mais divergência que exista, é possível que a gente termine com um acordo”.

Ele destacou, no entanto, que é preciso deixar de lado a arrogância, de ambos os lados.

“Então é importante lembrar que nós precisamos da União Europeia e a União Europeia precisa muito de nós. Portanto, é importante, sabe, que a gente coloque um pouco da arrogância de lado e a gente tente colocar o bom senso para a gente negociar. E isso vale para nós e vale para eles.”

Lula reconheceu ainda as dificuldades que Macron tem no Congresso francês sobre o acordo e disse estar pronto para ajudar com os “amigos que a gente tiver aqui” para convencer que “o protecionismo não vai ajudar”. Há dez dias, a Assembleia Nacional da França aprovou uma resolução (sem poder de lei) contra o acordo UE-Mercosul.

“Olha, o presidente Macron tem dificuldade no Congresso. Ele tem dificuldade no Congresso. E se a gente puder conversar com os nossos amigos mais à esquerda para poder ajudar a que seja aprovado o acordo do Mercosul, nós vamos fazer.”

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Ucrânia

Lula reconheceu também as diferenças com Macron sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia e disse ser natural que os pontos de vista sejam divergentes dada a localização geográfica dos dois, mas enfatizou que todos são a favor da paz. Para que isso seja possível, no entanto, disse que é preciso que ucranianos e russos a desejem.

“Há muito tempo eu sei o que o Macron pensa sobre a guerra da Ucrânia e há muito tempo o Macron sabe o que eu penso sobre a guerra da Ucrânia. Eu não levarei ele a pensar como eu… ele está próximo do campo de batalha e eu tenho o Oceano Atlântico, sabe, de diferença”, disse Lula. “Mesmo aqueles que estão ajudando a Ucrânia, querem a paz.”

“Tenho certeza de que todo mundo quer a paz. Acontece que a paz só vai acontecer quando os dois combatentes chegarem à conclusão de que é preciso ter paz. Então, eu vou esperar esse momento”, acrescentou.

Em meio a algumas declarações polêmicas, posteriormente ajustadas, Lula tem procurado se colocar como um interlocutor capaz de participar de uma negociação de paz entre as duas partes em conflito na Europa.

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