Lula deve anunciar presidente da COP nesta terça-feira (21)
Já atrasado para definir a estrutura da COP 30, que acontece em Belém em novembro deste ano, o governo brasileiro deve anunciar nesta terça-feira (21) o embaixador André Corrêa do Lago como o presidente da conferência, disseram à Reuters fontes que acompanham as conversas na Presidência da República.
A definição do presidente da COP servirá para o governo brasileiro colocar na rua a montagem da estrutura de lideranças que devem levar adiante as negociações para o que promete ser uma das conferências mais difíceis dos últimos anos, com disputas duras sobre financiamento e as novas Contribuição Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês).
Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, Corrêa do Lago é o negociador do Brasil na COP desde 2023, e já havia feito o mesmo papel entre 2011 e 2013, além de trabalhar com desenvolvimento sustentável desde 2001. Nome de consenso no governo pela capacidade negociadora, o embaixador não foi anunciado oficialmente, mas é desde o final de 2024 dado como nome único para assumir a posição.
O cargo, que serve de facilitador e mediador das diferentes posições levadas pelos países à conferência, é considerado essencial para o sucesso da COP. Nos dois últimos anos, em Dubai e no Azerbaijão, a presidência dos dois países sofreu críticas pesadas.
Fontes ouvidas pela Reuters no governo afirmam que Corrêa do Lago é hoje o melhor nome, já que não apenas conhece todas as negociações do clima como tem com trânsito com todos os setores envolvidos dentro do próprio governo. Foi ele o responsável, por exemplo, em resolver o impasse entre países desenvolvidos e o sul global nas negociações do G20 sobre clima, que ameaçavam paralisar o comunicado da cúpula.
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Estrutura da COP 30
Além da presidência, o governo trabalha com uma estrutura que deve incluir um champion, uma liderança responsável por trabalhar com governos, empresas, investidores e outras partes interessadas para mobilizar esforços em torno dos objetivos do Acordo de Paris.
Segundo uma fonte ouvida pela Reuters, a intenção para o cargo é um empresário que tenha já uma atuação destacada na área de desenvolvimento sustentável, mas não há ainda um nome bem encaminhado.
Uma disputa de bastidores chegou a surgir no final de 2024, com dois nomes — Patrícia Ellen, ex-secretária Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de São Paulo do governo João Doria, em São Paulo, e Marcello Brito, secretário-executivo do Consórcio dos Governadores da Amazônia e aliado do governador do Pará, Helder Barbalho — levantando abaixo-assinados em torno de seus nomes.
Corriam ainda o assessor especial da Presidência Frederico de Assis e o da cientista Thelma Kruger, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Nenhum deles, no entanto, deve ser indicado para o posto de champion.
A presidência da COP trabalha com a ideia de constituir um conselho de líderes e especialistas que, na prática, devem atuar como enviados do presidente para determinados assuntos. Um desses nomes deve ser Assis, que será encarregado de cuidar de temas de negacionismo climático.
Kruger e Brito também são cogitados para fazer parte do time de enviados, mas ainda não há definição de quantos nomes serão chamados.