Lula demite Jean Paul Prates da Petrobras (PETR4); empresa confirma saída
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu o presidente da Petrobras (PETR4) Jean Paul Prates, informa o Estado de S. Paulo.
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Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff, foi indicada.
Em comunicado enviado ao mercado, a Petrobras informou que recebeu nesta noite de seu Presidente, Sr. Jean Paul Prattes, solicitação de que o Conselho de Administração da Companhia se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada.
“Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras”.
Investimento teria sido causa da demissão, diz jornal
De acordo com o jornal, a troca se deve a cobrança por mais investimentos da estatal, grande mote da gestão Lula. Durante a campanha presidencial de 2022, o petista prometeu voltar a investir da estatal, além de criticar os dividendos exorbitantes da gestão de Bolsonaro.
Apesar disso, a empresa continuou a distribuir gordos dividendos, com uma gestão que agradou o mercado. No ano passado, a empresa disparou mais de 60% e renovou máximas históricas de valor de mercado.
Em teleconferência de resultados desta terça, Prates ressaltou seu compromisso com a remuneração do investidor e o investimento em ativos de petróleo, o que voltará a ficar sob reavaliação após a nova mudança de gestão.
Os investimentos da Petrobras com exploração e produção totalizaram US$ 2,5 bilhões no primeiro trimestre, 21% acima do ano passado, devido ao aumento dos investimentos no desenvolvimento dos grandes projetos que sustentarão a curva de produção dos próximos anos.
Porém, em relação ao quarto trimestre, houve queda de 10% devido, principalmente, a postergação de atividades submarinas, bem como marcos de pagamentos de UEPs própria.
A estatal encerrou o período com lucro líquido de R$ 23,7 bilhões, queda de 38% em relação ao mesmo período de 2023.
O número ficou abaixo da expectativa reunida pela Bloomberg, que esperava cifra de R$ 32 bilhões.
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Richa Prates x Alexandre Silveira
A queda de Prates foi antecedida por uma longa novela que se arrastou em abril.
Todo o imbróglio começou quando Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, admitiu que possuia divergências com Prates em entrevista à Folha de S.Paulo.
Questionado se Prates está fazendo um bom trabalho, Silveira se limitou a dizer que “a avaliação da gestão do presidente da Petrobras eu deixo a cargo do presidente da República”.
Na entrevista, Silveira também deixa claro que “não abre mão de sua autoridade nas discussões”.
“O dia em que você abre mão por um segundo da sua autoridade você nunca mais recupera. Então, a autoridade que me é delegada — e autoridade não é arrogância— eu não transigirei em executar”, afirmou
A entrevista foi suficiente para que, no dia seguinte, Prates pedisse uma reunião com Lula para tratar do assunto, segundo a Folha. O jornal chegou informar que Prates estaria estudando ‘deixar o cargo’ após a fritura.
Porém, horas depois, Prates desmentiu e chegou a fazer piada com o fato.
Briga não é de hoje
O desentendimento entre Prates e membros do governo não é novidade e ficou ainda mais evidente após a não distribuição de dividendos extraordinários.
O G1 lembra que houve divergência já em junho do ano passado. Os dois teriam ‘batido cabeça’ em relação ao gás natural einjetado pela Petrobras.
Outras discordâncias diziam respeito à política de preços da empresa.
Porém, foi com a distribuição de dividendos que o embate ficou mais intensivo. Enquanto Prates gostaria de pagar, pelo menos, 50% dos dividendos, membros do governo foram a favor de segurar completamente os proventos, o que prevaleceu.
Prates temia, justamente, a reação negativa dos mercados. No dia, a ação chegou a despencar mais de 10%.