Lula critica mercado por achar que tudo é gasto e diz que setor não precisa ter preocupação com governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que o mercado financeiro cria a narrativa de que tudo o que não é para pagar juro é gasto e afirmou que em todas as crises quem salvou a economia foi o Estado.
Em café da manhã com jornalistas, Lula lembrou que o país teve superávits primários em seus governos e que o mercado financeiro não pode reclamar de um governo do PT.
O presidente disse ainda que o mercado não tem coração e que o governo tem obrigação de cuidar dos mais necessitados.
“É preciso a gente parar de utilizar a palavra gasto, porque o mercado construiu uma narrativa que tudo o que você faz no Brasil que não seja pagamento de juro é gasto”, disse aos jornalistas horas antes de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar medidas econômicas nesta quinta em evento no Palácio do Planalto que terá a participação de Lula.
“Qualquer dinheiro que vai para a saúde, é gasto. Qualquer dinheiro que vai para a educação, é gasto. Qualquer dinheiro para pagar aumento de salário, é gasto”, criticou.
Lula afirmou que, em seus governos, as reservas internacionais do país foram incrementadas e que isso ajudou o Brasil a atravessar crises.
Em mais uma declaração em tom elevado contra o mercado financeiro, o petista afirmou que não existem razões para os agentes financeiros se preocuparem com um governo do PT.
“Qual é a preocupação que as pessoas podem ter com o governo do PT? Nenhuma. Nenhuma!”, disse.
“O mercado não tem coração, não tem sensibilidade, não tem humanismo… é preciso saber que o governo tem a obrigação de cuidar das pessoas mais necessitadas”, disse.
Impostos
O presidente voltou a defender a necessidade de uma reforma tributária, afirmando que todos sabem que é preciso fazê-la, e deixou claro que pretende ver a parte mais rica da população pagando mais impostos.
“Todo mundo sabe que é preciso fazer uma política tributária nova, é preciso fazer com que pessoas mais ricas paguem mais impostos do que os pobres, porque hoje os pobres comparativamente pagam mais imposto que os ricos”, disse.
Apesar das falas duras de Lula sobre o setor financeiro, a ala econômica do governo tem feito esforços recentes na tentativa de conquistar a confiança dos mercados.
Em mais um episódio desta empreitada, Haddad, marcou para esta tarde o anúncio de novas medidas.
Desde a eleição de Lula, agentes do mercado financeiro têm manifestado preocupações com a sustentabilidade das contas públicas e com o que enxergam como um viés mais gastador do governo petista.