Brasil

Lula: Como está a economia que o novo governo vai herdar em 2023?

01 nov 2022, 14:03 - atualizado em 01 nov 2022, 14:04
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(Imagem: REUTERS/Carla Carniel)

Pelos próximos quatro anos, o Brasil terá um novo governo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, o presidente eleito terá um grande desafio econômico pela frente.

Durante a pandemia, o país se assustou com a inflação e o desemprego ultrapassando os dois dígitos. Além disso, o Banco Central se viu obrigado a tirar a taxa Selic do seu menor patamar, de 2% ao ano, e elevar para os atuais 13,75%.

Alguns indicadores já melhoraram: o desemprego, por exemplo, está em 8,7%. Trata-se do menor patamar desde 2015. A inflação também: no começo do ano, os preços registravam alta anual de 12,13%; hoje, a taxa está em 7,17%, após três deflações seguidas.

Já a atividade econômica acelerou ao longo de 2022, tanto que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022 – totalizando quatro resultados positivos consecutivos.

No entanto, a chave da economia vai virar. De acordo com o Goldman Sachs, o presidente eleito Lula terá a tarefa de lidar com questões macroeconômicas complexas: posição fiscal insustentável, baixo potencial de crescimento do PIB real, além de uma economia muito fechada e improdutiva.

“O governo será desafiado a adotar políticas que atendam à ampla demanda por serviços públicos melhores e mais eficientes em áreas-chave, como educação, saúde, transporte urbano e segurança; tudo isto dentro dos estritos limites impostos pela responsabilidade fiscal e sem recorrer a grandes aumentos da já muito elevada carga fiscal”, afirma em relatório.

PIB, inflação e Selic

Apesar do crescimento econômico, a previsão é de que o PIB fique quase estagnado no ano que vem. Na compilação do Relatório Focus, a expectativa do mercado atualmente é de alta de 0,64%.

Já a inflação deve voltar a subir. Isso porque o governo de Jair Bolsonaro promoveu medidas tributárias para forçar a redução do preço dos combustíveis. O problema é que essas medidas estão perdendo força e o preço do petróleo segue uma tendência de alta no mercado internacional.

Além disso, o setor de serviços segue como um ponto de atenção no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Caso a inflação volte a avançar, o Banco Central não pensará duas vezes sobre o aperto monetário e a Selic pode ficar acima dos 14% ao ano. A autoridade monetária já avisou que está monitorando o movimento inflacionário e fatores de risco, tanto internos quanto externos.

Orçamento e teto de gastos

Esse é o maior ponto de preocupação do mercado. O teto de gastos para o ano que vem está apertado, assim como a previsão de orçamento enviado para o Congresso. Além disso, o Ministério da Economia prevê déficit primário de R$ 64 bilhões para 2023.

E Lula prometeu manter o Auxílio Brasil em R$ 600, além de outros benefícios sociais. Para isso, será necessário negociar com o Congresso uma forma de incluir esses gastos de curto prazo para os primeiros meses do governo.

Em sua campanha e discurso de vitória, Lula reforçou que vai combater a pobreza. O Brasil voltou para o Mapa da Fome, segundo a Organização das Nações Unidas; além disso, dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), indicam que 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer. Logo, são esperadas medidas emergenciais voltadas para esse ponto.

“Ele assumirá com a promessa de manutenção de gastos sociais em níveis atuais, o que não é comportado pelo arcabouço fiscal existente, e de incremento de investimentos, principalmente em infraestrutura. Seu desafio é o de conciliar essa pressão com a apresentação de um plano crível para a saúde fiscal”, afirmam os analistas da XP Inc, em relatório.

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