Lula atravessa Tebet e põe Marcio Pochmann no IBGE; entenda a polêmica
Uma decisão do presidente Lula tem causado furor em Brasília nesta semana. A nomeação do economista heterodoxo Marcio Pochmann para a presidência do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou um enfraquecimento da ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) ante a administração federal.
Isso se deve ao fato de que Tebet havia declarado que a troca ‘seria um desrespeito com atual presidente da instituição‘ e que não conhecia Pochmann quando seu nome começou a ser sondado para a presidência do instituto. É a ministra quem, em tese, nomeia ou recomenda um presidente ao IBGE, subordinado a seu ministério.
Posteriormente, a ministra seria surpreendida pela nomeação de Pochmann -por Lula- para o órgão. Ela, no entanto, colocou panos quentes no assunto nessa quinta-feira (27) afirmando que ‘terá o maior prazer em atender o nome de Pochmann no Instituto’.
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Histórico de polêmicas
Atualmente presidente do Instituto Lula, Marcio Pochmann é formado em ciências econômicas pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e doutor pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Ele já publicou livros sobre economia e venceu, em 2022, o prêmio Jabuti na categoria Economia, Administração, Negócios e Direito, com o livro A Década dos Mitos.
Pochmann também já comandou o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Durante a presidência do órgão, o economista teria feito uma gestão ideológica, e demitido os economistas Regis Bonelli e Armando Castelar porque ambos não concordavam com ele.
O economista Edmar Bacha, um dos pais do plano real e ex-presidente do IBGE, se disse “ofendido” com a nomeação de Pochmann para o órgão. A declaração foi feita à CNN. Bacha também afirmou que o nome de Pochmann na presidência do instituto é ‘um perigo para as estatísticas’. O órgão é responsável, por exemplo, pela divulgação dos índices oficiais de inflação.
Uma das maiores polêmicas recentes de Pochmann foi uma postagem no Twitter contra o Pix, dizendo que o mecanismo seria um “passo na via neocolonial a qual o Brasil já se encontra ao continuar seguindo o receituário neoliberal”.
No mercado, a notícia também pegou mal. Rafael Passos, analista da Ajax Capital, afirmou em comentário divulgado que “os ruídos em torno da indicação de Pochmann existem devido à sua passagem durante o comando do Ipea”. O analista afirma que o economista “segue a escola mais heterodoxa” da economia.