Lula aborda economia e juros de maneira ilógica; entenda
O clima voltou a esquentar entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.
Ontem, em entrevista ao Reinaldo Azevedo, na BandNews FM e na BandNews TV, Lula voltou a criticar o trabalho de Campos Neto e a política monetária adotada pelo Banco Central. Além disso, o presidente evita citar nomes, chamando Campos Neto sempre de “cidadão”.
“Por que esse cidadão, que não foi eleito para nada, acha que tem o poder de decidir as coisas e ainda dizer ‘vou pensar como posso ajudar o Brasil’? Você não tem que pensar em como ajudar o Brasil, você só tem que pensar em como reduzir os juros”, disse sobre o presidente do Banco Central.
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O discurso de Lula contra o presidente do Banco Central ganhou força após o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre cair 0,2%, além de apontam para um movimento de desaceleração no ano de 2022.
“Esse quadro de menor dinamismo vai ao encontro do mostrado por outros indicadores, como crédito e mercado de trabalho. Provavelmente, reflete os efeitos defasados do aperto da política monetária, iniciado ainda no primeiro trimestre de 2021, mas que se tornou efetivamente contracionista apenas no último trimestre daquele ano”, afirma Rafael Passos, analista da Ajax Capital.
Para o presidente, a Selic está muito alta e atrapalhando na recuperação do país. A taxa básica de juros de encontra no patamar de 13,75% ao ano desde agosto e a autoridade monetária já deixou claro que pretende manter assim por um tempo.
A visão equivocada de Lula
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, Lula aborda temas como economia e juros de maneira ilógica, além de usar argumentos equivocados.
“As falas de Lula, além de economicamente serem completamente erradas, denotam, mais uma vez, uma postura institucionalmente equivocada. Lula trata os juros como se fossem produto de uma decisão arbitraria do presidente do Banco Central, ignorando os procedimentos sobre a decisão da política monetária, oriundos de uma decisão colegiada”, afirma.
O economista destaca que o presidente ignora que os juros estão altos por conta das elevadas expectativas de inflação.
“As bravatas disparadas por Lula ignoram o efeito avassalador que a inflação tem sobre o social, justificando a atribuição do Banco Central estar focada na estabilidade de preços”, completa.
Julio Hegedus Netto, economista-chefe da Mirae Asset, aponta que os ataques de Lula são um demonstrativo de que o front político terá volatilidade. “Estas trocas de farpas devem render muitos ruídos com impacto na precificação dos ativos”, afirma.