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Lula: 5 pontos sobre a viagem do presidente à China; confira

13 mar 2023, 7:00 - atualizado em 13 mar 2023, 6:44
Lula, China
Presidentes Lula (Brasil) e Xi Jinping (China) reúnem-se no fim do mês em viagem de agenda cheia (Foto: Instituto Lula)

O presidente Lula desembarca na China no fim deste mês. O anúncio foi feito pelo Ministério das Relações Exteriores na semana passada, porém sem muitos detalhes. 

Será a quarta viagem oficial do presidente ao exterior desde que tomou posse. Depois de passar por Argentina, Uruguai e Estados Unidos, desde janeiro, chegou a vez da China, o principal parceiro comercial do Brasil.

No entanto, a ida de Lula para o outro lado do mundo parece estar repleta de mistérios. Mas, na verdade, o fato é que o roteiro ainda está em construção.  

Atento a isso, o Money Times consultou fontes nos bastidores do governo e do PT em buscas de pistas. Confira, abaixo, os cinco pontos sobre o que se sabe da viagem do presidente Lula para a China, até aqui:

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1- Agenda cheia: viagem de 28 a 31 de março

O presidente deve ficar pelo menos três dias cheios na China. O tempo de duração da visita pode até saltar aos olhos dos mais desatentos. Afinal, quando viajou aos EUA, Lula teve apenas um dia de compromissos oficiais em Washington

A questão é que até mesmo o deslocamento para o país asiático é mais complicado. Considerando-se o tempo de voo e o fuso horário são quase 30 horas. Até por isso, a saída da delegação oficial está prevista para o dia 25 deste mês.

Haverá uma parada de um dia em algum ponto no trajeto entre Brasil e China, provavelmente em Portugal. A chegada de Lula em Pequim está prevista para o dia 28 de março, quando deve se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping

Depois, no dia 30, Lula deve ir a Xangai, onde se reúne com empresários e deve participar da troca de comando no banco dos Brics. A ex-presidente Dilma Rousseff deve assumir a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) no fim deste mês. 

2- Comitiva grande de Lula

Dilma estará na comitiva que irá para a China. Daí porque ela está acelerando as etapas do processo para substituir Marcos Troyjo à frente da instituição financeira dos países-membros dos Brics.

Aliás, o tamanho da delegação que visitará o gigante emergente chama a atenção. No total, serão cerca de 200 pessoas, distribuídas entre representantes do governo federal, do Congresso e do setor privado. 

No caso do Executivo, ao lado de Lula, estarão presentes os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), além de membros do alto escalão dos ministérios de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Saúde.

Também devem fazer parte da comitiva o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o ex-ministro Celso Amorim, hoje assessor especial do Palácio do Planalto. A lista inclui ainda o presidente da Apex, Jorge Viana. 

Entre os parlamentares, Lula convidou os comandantes das duas Casas Legislativas, Arthur Lira (Câmara) e Rodrigo Pacheco (Senado). Mas o convite ainda aguarda resposta. Por sua vez, deputados e senadores já devem estar preparando as malas. 

Seja como for, será uma equipe bem mais robusta do que a que esteve nos EUA, em fevereiro. Daí, então, a pergunta é: o que toda essa delegação irá fazer na China? 

3- Pauta bilateral: comércio e investimentos

Engana-se quem pensa que o governo brasileiro irá concentrar a discussão em uma pauta comercial. Ainda assim, os temas relacionados ao comércio entre os dois países não estarão restritos às commodities. Ao contrário, será uma pauta bem mais ampla. 

O Brasil vai atrás dos investimentos chineses – e não apenas em setores ligados ao agronegócio. O objetivo é buscar recursos externos para as áreas de energia renovável, infraestrutura e setores manufatureiros, além de compartilhar conhecimento científico e tecnológico. 

Portanto, o país vai em busca de um parceiro para o projeto nacional de reindustrialização e de integração com seus vizinhos sul-americanos. Afinal, sabe-se que a atual relação comercial da sino-brasileira, assim como da região como um todo, é desigual. 

Enquanto o Brasil e outros países da América do Sul exportam produtos de baixo valor agregado, o perfil das exportações chinesas para cá é o oposto. O que se almeja trazer de lá é uma relação que vise a diversificação dessa pauta de produtos. 

4- Pauta global: Guerra da Ucrânia

Contudo, o Brasil também quer tratar de temas globais. Questões envolvendo instituições multilaterais, como o G20 e a Organização das Nações Unidas (ONU) serão colocadas na mesa. Também na pauta do dia estará a questão climática

No entanto, o assunto principal que Lula deve tratar com Xi é sobre a negociação para um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Se de um lado o Brasil conquistou a confiança do Ocidente com o voto na ONU contra Moscou; de outro, o país vai tratar da guerra com o único interlocutor que Vladimir Putin ouve: a China. 

Por ora, o foco está em construir um diálogo. A partir daí, pode-se pensar em como fazer para facilitar o cessar-fogo no leste europeu e o fim das hostilidades entre os dois países, além da expansão da Otan.  

5- Relação de ganha-ganha com a China

Fica claro, então, o porquê o governo brasileiro ainda trabalha na construção do roteiro de viagem no fim deste mês. O Brasil irá para o outro lado do mundo em busca de reverter a imagem deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, de hostilizar a China e ser pró-Ocidente.

O recado claro de Lula é de defesa pelos interesses nacionais, sem ser “caudatário” de ninguém. Não haverá opção entre EUA e China, nem entre Europa e Ásia. O que vai ditar a política internacional brasileira são os benefícios próprios.  

Essa postura favorece a China, construindo uma relação de ganha-ganha. Afinal, a segunda maior economia do mundo é vista cada vez mais como ameaça às potências hegemônicas, escalando a tensão geopolítica global diante das investidas de um bloco “anti-China”.

Pequim sabe dos riscos de ficar isolado do mundo, em meio ao rearranjo das cadeias produtivas e à guerra de narrativas. Por isso, atrair o Brasil e ter o apoio da maior economia da América Latina representa a conquista de um grande aliado – talvez até para além dos Brics e com uma eventual adesão, ainda que simbólica, à Iniciativa Cinturão e Rota (BRI).

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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