Lula 3.0 é bom ou ruim para os mercados?
Os investidores seguem em dúvida sobre se um terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2023 será bom ou ruim para os mercados domésticos. Ainda mais em meio às incertezas fiscais e ao rumo da taxa básica de juros.
Atento a isso, o BCA Research recomenda uma alocação neutra, principalmente em títulos locais e crédito soberano. Pelo menos por enquanto.
No longo prazo, a estratégia para o Brasil deve ser comprar ações e vender real. Isso porque a combinação de políticas fiscal e monetária flexíveis é positiva à tomada de risco.
“A demanda doméstica e os lucros corporativos devem melhorar, mas os investidores estrangeiros devem proteger seus ganhos no câmbio”, afirma o estrategista-chefe de mercados emergentes Arthur Budaghyan, em relatório especial.
Lula 3.0 em dois tempos
A dinâmica macroeconômica no Brasil será regida por forças contrárias, dividindo o governo Lula 3.0 em dois momentos. Inicialmente, de um lado, os programas sociais e o aumento dos salários devem ampliar os gastos do consumidor.
Porém, essa política de governo tende, por outro lado, a manter a inflação elevada. Com isso, é mais provável que o Banco Central suba, ao invés de reduzir, a taxa Selic.
“Aumentar a taxa de juros em meio à desaceleração do crescimento global e à queda nos preços das commodities não será um bom presságio para as ações brasileiras”, alerta Budaghyan.
Para o estrategista do BCA, a única maneira viável para o Brasil resolver essa equação é ter um crescimento econômico acima dos custos de empréstimos do governo. E isso só pode ser alcançado com um estímulo para impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB).
“São esses fatores que irão constituir a âncora da política econômica do governo Lula 3.0”, resume Budaghyan. Ou seja, o governo executará uma política fiscal expansionista e a política monetária será suave (“dovish”) nos últimos dois anos de governo.
O resultado será um alto crescimento do PIB e taxas de juros reais muito baixas. E quando os mercados domésticos começarem a precificar isso, haverá uma pressão de queda acentuada sobre a moeda local e rendimento limitado dos títulos locais, favorecendo o Ibovespa.
“Continua a recomendação de alocação neutra para ações brasileiras, dado que estamos negativos dentro da carteira de mercados emergentes. Isso implica que também estamos pessimistas na bolsa, mas se o desempenho absolutos e relativos se mantiverem, essa avaliação deve melhorar, apesar do fluxo de notícias negativas nos próximos meses”, conclui o BCA.