Luiz Cesta: O novo normal da Bolsa
Por Luiz Cesta, da Inversa Publicações
Olá, leitor Cesta & Fundos!
E a taxa Selic engatou mais uma queda nesta semana, recuando para 5% de meta. Confesso que um ano atrás eu não apostaria nessa opção. De fato, nem o mercado apostava. Aliás, o mercado errou feio.
Na publicação da pesquisa Focus do Banco Central, que é um compilado de todos os economistas do mercado, datada de 26/10/2018, estava lá cravado que a Selic estaria em 8% ao final de 2019. Cá entre nós, 5% para 8% é uma baita diferença.
É certo também que o desempenho econômico brasileiro se distanciou muito das expectativas. Esperava-se crescimento de 2,5% do PIB para 2019 e se chegarmos a 0,9% será uma grande vitória. Essa desaceleração também contribuiu à queda da taxa.
Mas o mercado é uma grande média de expectativas futuras e disso ninguém consegue fugir. Cada ator fazendo suas contas, calculando probabilidades, e atuando no mercado para a correção de preços.
O mercado hoje olha para 2020 mais esperançoso. Afinal de contas, a expectativa de crescimento do PIB está batendo 2%, e a Selic afundando ainda mais, para 4,5% ainda neste ano se as previsões estiverem corretas.
Um outro fato que pode ser notado é que as flutuações de câmbio não mais atingem a inflação como acontecia no passado.
Aliás, esse ponto é tema central de um excelente texto da equipe da Verde Asset, que conclui que a associação automática de desvalorização cambial e problemas domésticos deixou de prevalecer no país. Como esse próprio texto também conclui: “Sob esse aspecto, o Brasil está se tornando um país mais normal”.
Se o país em que vivíamos era anormal, também havia anormalidade como todos investiam seus recursos. Era muito dinheiro em renda fixa, muito retorno e pouco risco. Tem algo de anormal nisso, não tem? O correto não seria uma correlação positiva entre risco e retorno?
Pois, então, partindo-se do princípio de que o país está voltando à normalidade, como fica o seu bolso nessa história?
Para ter mais retorno, você, como já deve ter ouvido em algum lugar, inevitavelmente terá que correr mais risco. Aliás, é esse o padrão normal e o natural de se aprender em cursos de administração e economia.
Você, leitor, pode estar se perguntando: “Será que estou chegando atrasado na festa?”.
É certo que, se você não incluiu um pouco mais de Bolsa e de taxas pré-fixadas na carteira em 2019, deixou um bom dinheiro na mesa.
Mas não gosto de ficar remoendo decisões equivocadas do passado. O bom investidor aprende com os erros e parte para a próxima.
Se você ainda não tomou a decisão de incluir um pouco mais de risco na sua carteira, sugiro que reflita seriamente sobre a possibilidade e refaça as contas do que vai receber nos próximos anos se continuar investindo em instrumentos conservadores.
Isso não quer dizer que você não deve continuar levando em consideração o seu horizonte de investimento, além dos objetivos de sua carteira. Longe também de querer colocar reservas de emergência em instrumentos de alta volatilidade.
Mas se você ainda não tem uma conta em corretora ou plataforma de investimento, acredito que pode estar perdendo uma boa chance de encontrar fundos de ações e multimercados interessantes, colocando seu dinheiro para render no “novo normal” do mercado financeiro brasileiro.
Até mais!