Luiz Cesta: O equilibrista de pratos
Por Luiz Cesta
Caro leitor,
Outro dia me espantei com o tamanho da indústria DIY (Do It Yourself) ou o famoso “Faça Você Mesmo”, nos Estados Unidos. Só em 2018 foram nada mais, nada menos do que US$ 400 bilhões em vendas.
De acordo com outra pesquisa da Venveo, um pouco mais antiga, datada de 2015, 39% dos adeptos desse mercado o fazem para economizar dinheiro e 47% porque sentem prazer em fazer as coisas com as próprias mãos.
No Brasil, tenho notado o surgimento de algumas iniciativas nesse mercado vindo, principalmente, da varejista de construção Leroy Merlin, mas ainda assim muito incipiente. Faz parte da nossa cultura recorrer ao nosso “Faz Tudo” preferido, o profissional que realiza pequenos reparos em casa e nos poupa tempo.
Mas é preciso muito cuidado na hora de chamá-lo porque trabalhos mais específicos podem ficar com qualidade duvidosa ou até mesmo nos trazer prejuízos.
Trazendo isso para o universo dos FI’s, costumo dizer que um fundo multimercado pode ser categorizado dessa maneira: O “Faz Tudo” da indústria de fundos.
Será que os fundos multimercados fazem de tudo um pouco e não fazem nada de bom?
Estamos falando de um mercado de mais de R$ 1 trilhão, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais). Isso mesmo, um número de 13 dígitos!
Como o nome já sugere, os gestores desses fundos possuem a liberdade na busca por retorno, alocando o patrimônio do fundo em diversos mercados. Câmbio, renda variável, renda fixa, posições compradas/vendidas, etc.
Sendo assim, a análise desse tipo de fundo deve se centrar, mas não se exaurir, na capacidade dos gestores se equilibrarem em diversos mercados aliando retorno e risco incorrido. Isso quase sempre é uma tarefa árdua.
Um dos mais famosos multimercados do país é o Verde FIC FIM do também ilustre gestor Luís Sthulberger. Sua performance histórica é invejável. Desde seu início, em 1997, o fundo principal acumula um retorno de 2.099,38% do CDI.
Mesmo assim, erra em alguns momentos, como foi na já amplamente divulgada aposta no dólar americano contra o renminbi chinês, ao longo de 2017.
Em minha opinião, não faz sentido investir em fundos multimercado se não for para buscar valor na capacidade do gestor de equilibrar vários pratos girando ao mesmo tempo.
Portanto, quando for investir em um fundo multimercado, fique de olho se esse “Faz Tudo” realmente faz seu trabalho sem deixar nada quebrado para trás.
Em nossa publicação quinzenal “Fundos Expert”, eu exploro exatamente essas características para sugerir aos meus seguidores apenas as melhores opções em fundos disponíveis no mercado.
No início desta semana, fiz um levantamento de todos os fundos multimercado abertos para captação, com patrimônio superior a R$ 500 milhões, mais de 150 cotistas e que sejam destinados ao público em geral.
Para entendermos como tem sido a performance versus risco assumido pela indústria ao longo deste ano, construí um gráfico que relaciona a volatilidade histórica (risco) anualizada dos fundos e seu respectivo retorno no período.
Juntei tudo e coloquei num gráfico, posicionando a volatilidade histórica do fundo no eixo horizontal e a rentabilidade histórica do fundo no eixo vertical. O resultado está colocado abaixo.
Confesso que talvez não seja tão fácil de entender os pontinhos acima, mas deu para perceber que existem fundos e fundos, né? O que quero lhe mostrar é que a escolha dos melhores nunca é uma tarefa das mais fáceis.
Não é tão simples quanto acessar a plataforma do seu banco ou corretora e filtrar os fundos com maiores históricos.
Note que alguns fundos, aqui representados por pontos, apresentaram uma volatilidade alta, sem a contrapartida de retorno, bem como é possível observar que assumindo baixo risco, alguns fundos conseguiram entregar um retorno bastante interessante.
Por isso, fique muito ligado nessas variáveis quando for escolher um fundo multimercado para investir. Se precisar de uma ajuda, na série Fundos Expert, eu e minha equipe estudamos todos esses aspectos e sugerimos os que melhor refletem retorno compatível com o risco incorrido.
Por hoje é isso.
Um abraço!
Luiz Cesta (@luizcesta)