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Luiz Cesta: Freio de arrumação

06 set 2019, 14:53 - atualizado em 06 set 2019, 14:53
Mercados
(Imagem: REUTERS/Lucas Jackson)

Por Luiz Cesta, da Inversa Publicações

Caro leitor,

Ainda bem que agosto terminou. Um mês difícil para o mercado, mas fichinha para quem já viu um “Joesley Day” e tantos outros eventos que trouxeram pânico para os comprados em Bolsa e outros ativos de risco.

Como já escrevi em algumas edições passadas, o país está passando por um momento de profundas reformas, o que, para o bem do mercado de capitais, é muito bom que aconteça.

Mas se engana aquele que imagina que o mercado brasileiro se resume a isso e que todos os problemas estarão resolvidos para o país voltar a crescer quando as reformas passarem.

Preciso lembrar que o Brasil é uma das peças de um mundo já muito globalizado e com alto grau de interdependência entre países, principalmente no âmbito comercial. Só para se ter uma ideia do que falo, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro representa 2,6% do mundial.

+ Cesta liberou aqui um documento sobre o novo programa de privatizações, que pode abrir uma temporada de heranças milionárias. Aconteceu na década de 90, pode acontecer de novo.

É verdade que o Brasil ainda é pouco aberto ao comércio exterior, sendo que ainda precisa desburocratizar diversos processos para avançar nessa frente. Mas nada se constrói da noite para o dia. Vamos aguardar. Quem sabe o Brasil vire realmente um grande país no futuro.

Além disso, a desestatização prometida e esperada por muitos pode trazer desbalanceamentos momentâneos de crescimento. Nada mais do que dores necessárias a um país que almeja ser relevante no cenário global.

Tenho conversado com muitos gestores de recursos para a composição da minha carteira de fundos, a Fundos Expert, e noto um raro otimismo de todos.

O que falta, então, para a Bolsa decolar para 120, 130, 140 mil pontos? O gringo. Sim, porque o investidor estrangeiro já sofreu bastante em mercados emergentes e agora ele não quer pagar para ver. Quer ver para pagar. Vai esperar um PIB maior para depois entrar com mais força.

Não importa, eu sou otimista. Se o gringo não quer pagar para ver, vai ter que pagar mais caro depois.

Quem suportar tais solavancos vai se reerguer mais forte. Até lá, que os riscos sejam controlados e, mais do que isso, conhecidos.

Entendo que o financiamento das empresas por meio do mercado de capitais é aquele que mais representa uma economia aberta. Move-se com bases e princípios de livre competição pelo dinheiro do investidor.

Quis fugir um pouco do tema central desta newsletter, que versa geralmente sobre fundos de investimento, porque acho importante fazer um pit stop, o chamado “freio de arrumação” para colocar nossa cabeça em ordem e partir para a próxima.

Espero que agosto tenha sido esse freio de arrumação e que voltemos aos trilhos. O país não vive numa bolha, onde somente o cenário doméstico importa para o mercado de capitais.

Olhar para o que está acontecendo lá fora é tão ou mais importante do que mergulhar cegamente em planilhas que analisam o panorama da economia brasileira.

Afinal de contas, tudo no mundo dos investimentos é relativo, todas as taxas são caras ou baratas se comparadas a outros instrumentos, com outros riscos. Um dividend yield de 10% pode não ser tão bom se houver outro instrumento que pague 15%. A comparação é sempre necessária para a tomada de decisão.

Enfim, uma comparação global, e mais do que isso, uma visão expandida para vários mercados ao mesmo tempo é mandatória para quem quer acertar nos investimentos.

Pés no chão e sensatez nos investimentos.

Tenha um ótimo final de semana, divirta-se com sua família e amigos. Eu te espero na próxima edição.

Até lá!

Luiz Cesta (twitter: @luizcesta)

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