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Luiz Cesta: Dólar a R$ 4,20. E daí?

22 nov 2019, 14:30 - atualizado em 22 nov 2019, 14:30
Dolar
Estamos nesse patamar do dólar por uma série de fatores que se encadearam e o trouxeram a esse valor (Imagem: Reuters/Guadalupe Pardo)

Por Luiz Cesta, da Inversa Publicações

Olá, leitor Cesta & Fundos!

As hashtags que mais bombaram no Twitter nos últimos dias têm relação com o valor do dólar ter chegado no patamar de R$ 4,20. Mas o que isso realmente significa para você?

Se fosse décadas atrás, eu já teria certeza de que a inflação iria explodir, teríamos um novo pacote econômico virando a esquina, desespero para proteger patrimônio da desvalorização e por aí vai…

Não é à toa que o índice Ibovespa era formado predominantemente por empresas exportadoras de matéria-prima básica, pois eram as poucas que ainda tinham capacidade de se manter operando e lucrando com a moeda local enfraquecida.

Atualmente, os grandes representantes no índice são os bancos, ativos predominantemente atrelados ao real. Óbvio que eles conseguem se proteger de uma eventual desvalorização da moeda local, mas acredito que isso seja emblemático para a situação atual do país e da economia.

Estamos nesse patamar do dólar por uma série de fatores que se encadearam e o trouxeram a esse valor.

Somente para citar alguns: conflitos políticos em diversos países na América Latina, como Venezuela, Bolívia, Chile; fracasso na participação de estrangeiros no leilão do pré-sal; e tensão comercial entre EUA e China.

Além desses fatores, temos a taxa básica de juros (SELIC) em mínimas históricas, o que afugenta capital estrangeiro com viés especulativo. Insegurança jurídica por alterações de entendimento sobre prisão em segunda instância pelo STF. E, apesar das reformas, teremos predominância de déficits orçamentários para os próximos 3 anos.

Se eu tivesse mais tempo, tenho certeza que encontraria mais razões para o dólar a R$ 4,20.

É certo que as viagens internacionais (mesmo as locais) vão ficar mais caras, mas eu não sinto que esse patamar de câmbio seja tão fatal para a economia quanto seria há 10 anos.

Aliás, estamos bem longe das altas históricas do dólar se atualizássemos a cotação para termos reais, descontada a inflação.

Com essas condições, acho difícil enfrentarmos uma interrupção da retomada econômica brasileira apesar das intempéries que surgiram, surgem e surgirão nos próximos meses (Imagem: Pixabay)

Sinto que dessa vez o câmbio desvalorizado é mais benéfico para o setor exportador e a retomada da economia do que do lado negativo de trazer de volta o fantasma da inflação.

E sabem o motivo disso? Porque o mundo não está crescendo. Quando o mundo não cresce, não é alta a demanda por commodities. Se não há alta demanda por commodities, esses preços se depreciam diminuindo a pressão inflacionária.

Só para você ter uma ideia, o CRB, o famoso índice de commodities, está 33% abaixo do seu pico histórico de 2011.

Com essas condições, acho difícil enfrentarmos uma interrupção da retomada econômica brasileira apesar das intempéries que surgiram, surgem e surgirão nos próximos meses.

Pode ser que eu esteja sendo atacado novamente pela Síndrome de Pollyana, personagem que acreditava em um mundo em que todas as pessoas são boas e o mundo é o melhor possível.

Mas eu não poderia me furtar de escrever como eu realmente penso nesse momento.

Se não fossem os fatores negativos que citei anteriormente, quem sabe já não estaríamos perto dos 120-130 mil pontos no Ibovespa?

Mas de 2020 esses patamares não escapam. Ou quem sabe de um rali de final de ano?

E, antes de ir, quero te convidar para acompanhar o novo projeto de um colega aqui da Inversa, o Leonardo Pontes. O Leo é especialista em ações exponenciais, aquelas que podem subir muito, mas ninguém olha. Só que são essas as ações que podem dar as maiores porradas da Bolsa.

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