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Luiz Barsi estava certo quando alertou para os riscos de se investir em varejistas?

15 jan 2023, 14:00 - atualizado em 14 jan 2023, 21:48
Luiz Barsi
“O varejo é uma atividade que tem sempre que apontar recurso, é só uma questão de tempo”, discorre (Imagem: REUTERS/Carla Carniel)

O rombo bilionário da Americanas (AMER3) abriu o sinal amarelo não só para o próprio investidor da companhia como também para outras empresas de varejo.

Em entrevista ao podcast Irmãos Dias, o maior investidor individual da bolsa brasileira, Luiz Barsi, disse que o setor varejista não é confiável.

“Pelo menos 40 empresas de varejo quebraram e as próximas quebrarão. Magazine Luiza um dia vai quebrar. Não sei quando, mas vai. Eu não sou profeta, estou falando em termos de histórico. A Máquina de Vendas e Via também estão penduradas”, afirmou Barsi.

Ele afirmou ainda que em termos históricos, muitas empresas quebraram.

“Algumas empresas no passado não tiveram sua vida financeira ajustada, e como o varejo é uma atividade que tem sempre que apontar recurso, é só uma questão de tempo”, disse.

A lista de varejista que faliram ou foram compradas por outras redes incluem Ultralar, Lojas Ducal, Mappin, Mesbla, Lojas Brasileiras, Jumbo-Eletro e Casas Buri.

Setor é complicado

O varejo, de fato, é um setor com alguns riscos.

De acordo com Max Mustrangi, sócio-fundador da Excellance, butique especializada na recuperação da performance financeira das empresas, essas companhias costumam ter margem de retorno baixa.

“O grande drive dele é o capital de giro, precisa de muito capital de giro para rolar e custo. Qualquer contração de demanda, para a empresa se manter firme e rodar, baixa o preço. Continua faturando, mas não veem rentabilidade. Ele busca dinheiro, aumenta o endividamento e vai rolando e chega uma hora que a bomba estoura”, discorre.

O especialista vê 50% de chance da Americanas quebrar. Na noite da última sexta, a empresa conseguiu uma decisão na Justiça que impede execução de dívidas por parte de bancos por 30 dias.

Após esse período, a empresa terá que decidir se entrará com pedido de recuperação judicial. A medida é uma forma da varejista ganhar tempo após negociação com bancos.

“A função de quem está entrando lá não é salvar ninguém. Faz sentido, dado o rombo, ainda mais no contexto econômico, colocar mais dinheiro bom em cima de cadáver? Se não faz, para [a operação] e quebra. Não é eficiente financeiramente. A empresa precisa ser eficiente”, diz.

Ainda vale investir?

Analistas afirmam que o evento pode respingar nas outras empresas à medida que proporciona uma menor confiança dos investidores, visto que o problema passou despercebido pelo processo de auditoria.

“Ou seja, sempre há uma possibilidade mínima de pensar que outras empresas estão realizando o mesmo tipo de manobra contábil. Acreditamos que esse não seja o caso dessas outras empresas do setor”, destaca Lucas Lima analista da VG Research.

Já João Abdouni, da Inv, diz que com a taxa de juros acima de 13%, a recomendação é deixar um percentual muito pequeno de varejistas na carteira.

“Coisa de 1% a 5% da parte da carteira de bolsa”, coloca.

Ele lembra ainda que Via (VIIA3) é um caso mais arriscado, já que a companhia também apresentou erros contábeis.

“A Magalu tem uma situação melhor do que as duas. Não estou dizendo que o balanço da Via esteja errado. Apenas que é uma empresa de maior risco que a Magalu pelo histórico”, completa.

Na quinta-feira, a Via afirmou que operações de risco sacado (convênio), um dos motivos para o rombo de R$ 20 bilhões da Americanas, estão registradas nas demonstrações financeiras em conformidade com as normas internacionais de contabilidade.

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