Lucrar com dividendos vai ficar mais difícil, avisa Itaú; veja dois pontos de preocupação
A tese de se investir em empresas pensando em seu retorno via dividendos ganhou popularidade nos últimos anos, principalmente em meio à disparada dos juros. Mas para o Itaú BBA, ganhar dinheiro com essas companhias pode se tornar pouco mais complicado a partir de agora.
Isso porque, destaca Victor Natal em carteira de dividendos publicada recentemente, lucrar com proventos durante um ciclo de corte de juros não é tarefa trivial. Economistas veem taxa terminal de 9% para a Selic (Taxa Básica de Juros) diante dos 12,25% de hoje.
“Com os juros de curto prazo caindo à frente, os investidores tendem, em geral, a dar preferência a teses de crescimento, buscando exposição a empresas que se beneficiem de maneira mais proeminente da atividade econômica mais aquecida”, coloca.
Para o analista, nesse cenário, é natural que as empresas que pagam bons dividendos fiquem de lado. “Isso acontece porque empresas que pagam dividendos, normalmente, são empresas de valor, nas quais o crescimento de lucro tem menor impacto de valuation do que nas empresas de crescimento”, explica.
Outro ponto que pode pesar para os investidores é o fim dos juros sobre o capital próprio, que já foi proposto pelo Governo e agora terá que ser aprovado pelo Congresso.
Na visão de Natal, a possível extinção dos juros sobre o capital próprio (JCP) traz um inconveniente extra, já que, modo geral, as empresas tendem a pagar o limite máximo de JCP determinado por lei e completar a distribuição total com dividendos.
“Isso acontece porque o JCP gera diminuição da base tributável, o que contribui para que as empresas paguem menos impostos. Se o JCP for extinto, o benefício tributário também acaba e as empresas que pagavam JCP devem ter impacto negativo no lucro devido ao aumento de impostos a pagar”, completa.
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Onde investir com dividendos?
A Vivo (VIVT3) e a Vale (VALE3) voltaram a disputar pelo primeiro lugar no ranking de ações preferidas para lucrar com dividendos, de acordo com levantamento do Money Times. Cada papel recebeu 11 indicações, entre as carteiras de 21 bancos, corretoras e casas de análise para setembro.
As ações de Banco do Brasil (BBAS3) e Gerdau (GGBR4) ocupam, respectivamente, os segundo e terceiro lugares, com nove e oito recomendações cada.
Mais outros três papéis ganharam espaço — com 7 indicações — e dividem o quarto lugar da lista: Petrobras (PETR4), BB Seguridade (BBSE3) e Itaú (ITUB4).