Economia

Luciano Coutinho nega interferência política de Dilma e Lula no BNDES

24 abr 2019, 23:13 - atualizado em 24 abr 2019, 23:13
Coutinho presidiu o BNDES de 2007 a 2016 e refutou interferências políticas dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff (Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho negou favorecimentos a qualquer empresa e refutou interferências políticas dos ex-presidentes da República Lula e Dilma Rousseff nas operações de crédito do banco estatal. Ele também afirmou que as propinas admitidas em delações premiadas pelos responsáveis da JBS e da Odebrecht não envolvem os dirigentes do BNDES.

“Isso é um problema delas com a Justiça. Quem cometeu ilícitos tem que responder na Justiça. Não há associação que se possa fazer entre esses ilícitos praticados pelas empresas, e que foram depois objeto de confissões, e as operações do BNDES. Os próprios empresários isentam o banco; falam, de maneira clara e insofismável, sobre a lisura do BNDES”, afirmou.

Luciano Coutinho prestou depoimento como interrogado, com o juramento de dizer a verdade, à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga possíveis atos ilícitos nas operações de crédito do BNDES no período dos governos petistas, de 2003 a 2015. Coutinho presidiu o banco estatal de maio de 2007 a maio de 2016.

Na avaliação do relator da CPI, deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), Luciano Coutinho foi evasivo em suas respostas.

“Fica difícil ele confessar aqui as situações de que está sendo acusado pelo Ministério Público Federal. Mas não estamos inventando. Nós estamos aqui investigando os fatos gravíssimos de favorecimento aos maiores empresários do Brasil em detrimento das pessoas que poderiam ter sido financiadas pelo banco.”

A primeira vice-presidente da CPI, deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), questionou em especial os financiamentos de bens e serviços para países como Cuba, Venezuela e Moçambique, que têm nível de risco maior e que estão em dívida com o BNDES.

“Não foi uma carteira diversificada, países com risco 1, 2, 3. Pegaram todos os países que tinham risco 7 e, não sei se é coincidência ou não, com a mesma ideologia do presidente. Isso fez com que esses países fossem beneficiados. E hoje temos aí 2 bi de prejuízo de pagamentos que estão atrasados”, disse ela.

O deputado Pedro Uczai (PT-SC) elogiou o depoimento de Luciano Coutinho e afirmou que é preciso preservar a instituição BNDES.

“Se não tem prova de nenhuma das pessoas que vieram dar depoimento aqui, eu não vou condenar ninguém. Eu não vou indiciar ninguém. Eu não vou votar em ninguém. A não ser que tenha provas e a gente tem que buscar as provas.”

Os depoimentos dos ex-presidentes do BNDES serão confrontados com os documentos que a CPI está recebendo do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público e de delações premiadas. A CPI do BNDES fará reunião na próxima terça-feira (30) para votar requerimentos.

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