Lucas Pinsdorf: o começo da jornada — retorno e diversificação com ativos alternativos
Ativos alternativos. Investimentos de alto retorno não correlacionados com o mercado. Precatórios. Recebíveis. Cotas de Consórcio. Esses são alguns termos de uma classe de ativos que, apenas recentemente, se tornou acessível para o investidor brasileiro.
Sei que pode parecer desafiador entender o que isso significa para a sua carteira, mas queria pedir um voto de confiança para explicar, sucintamente, como aproveitar essa tendência.
Acredito que os possíveis benefícios de diversificação e potencialização de retorno da sua carteira vão mais do que compensar o tempo usado para ler esse artigo até o final, especialmente considerando a baixa histórica da taxa de juros básica da economia (Selic) e seu efeito negativo em aplicações mais tradicionais de renda fixa.
De qualquer forma, no pior dos casos, você vai acabar esse texto e ter aprendido mais sobre uma tendência inovadora de mercado. No melhor dos casos, olha o que pode acontecer:
Esse gráfico é uma comparação entre uma carteira com ativos alternativos e uma apenas com as opções tradicionais ao longo de 20 anos. A diferença é de mais de 79% em termos de retorno.
Agora que você provavelmente já encontrou motivação suficiente para ir até o final do texto, como esses “ativos alternativos” ficaram conhecidos?
Eles ganharam popularidade durante a crise de 2008, em que praticamente todos os ativos tradicionais despencaram em valor e mostraram o real desafio de se diversificar efetivamente apenas com as alternativas tradicionais de renda fixa e variável.
Durante esse período, não adiantou muito se você tinha diversificado entre empresas do setor agrícola, segmento bancário, de varejo ou comprado um imóvel em uma região promissora.
Quase todas as classes de ativo perderam grande parte do valor. Isso aconteceu porque os ativos tradicionais estão sujeitos a riscos comuns ao mercado como um todo.
Para “fugir” desses riscos comuns, uma das principais opções foi encontrar uma nova classe de ativos, um novo caminho de investimentos, algo que aumentasse o retorno sem aumentar consideravelmente o risco e que, efetivamente, diversificasse seu portfólio contra alguns dos riscos comuns entre classes de ativos tradicionais.
Por isso, ativos alternativos, como precatórios, criptomoedas, consórcios, crédito privado, infraestrutura e investimento em startups — só para mencionar alguns — se tornaram uma das maiores estratégias de diversificação no mercado.
Principalmente no exterior, os ativos alternativos já se tornaram um setor de US$ 7,7 trilhões em 2016, com previsão de crescimento até US$ 15,3 trilhões até 2020, segundo relatório de uma das mais respeitadas consultorias do mundo, a PwC.
O melhor de tudo é que você não precisa necessariamente acreditar em mim quando digo que esses ativos estão transformando a forma de se pensar carteiras de investimento.
Abaixo, adicionei um gráfico de um relatório da BlackStone, uma das maiores gestoras do mundo, com o percentual de alocação de investidores institucionais nessa classe de ativos.
Os dados mostram que o “momento dos alternativos” já está acontecendo. Os maiores investidores do mundo, como, por exemplo, BlackRock, BTG Pactual e o Fundo de Yale, já possuem uma exposição aos ativos alternativos, que representa mais de 30% de suas carteiras.
Agora, se você estiver se sentindo frustrado, pensando consigo mesmo “por qual motivo ninguém nunca te falou que era possível investir nesses tipos de ativos?”, não se sinta assim. É normal.
Apenas recentemente, algumas plataformas de investimentos alternativos, como o Mercado Bitcoin, tornaram possível o acesso do investidor em geral (como eu e você) a essa nova classe.
Historicamente, apenas ultrarricos, fundos de investimento ou instituições financeiras conseguiam acessar esses ativos, principalmente por três motivos:
1. Alto preço por unidade: imagine que você é um investidor com R$ 70 mil, ao todo, de patrimônio para distribuir entre os mais variados ativos, desde opções mais seguras, como Tesouro Direto até aplicações mais arrojadas, como bitcoin.
Se um precatório, por exemplo, custa R$ 500 mil e você precisa adquiri-lo integralmente, concorda que o ativo não vai entrar em seu portfólio?
As plataformas entenderam essa dificuldade de aquisição e decidiram dividir alguns desses ativos alternativos em milhares de pedacinhos, em um processo que chamamos de tokenização.
Dessa forma, o investidor consegue comprar, por exemplo, R$ 100 de um precatório que vale R$ 500 mil, dividindo a conta com outros investidores.
Essa lógica se aplica não só para o precatório, como para a maioria dos outros ativos alternativos.
2. Necessidade de análise especializada: por serem relativamente únicos no mercado, esses ativos exigem um conhecimento mais específico de análise para investimento.
Por exemplo, para adquirir um precatório por conta própria, você provavelmente teria que contratar um escritório de advocacia para analisar todo o processo judicial até o ganho da causa, para entender se tudo está mesmo em ordem.
Como as plataformas fracionam o ativo e o distribuem para vários investidores, esse custo de análise é pulverizado, permitindo a segurança que essa análise mais minuciosa traz e, ainda, sem incorrer em custos que poderiam inviabilizar a operação, se considerados de forma individualizada.
3. Impossibilidade de venda antecipada: historicamente, esses ativos foram mais explorados pelos ultra-ricos porque eles têm menos necessidade imediata por capital.
Ou seja, eles podem deixar seu dinheiro investido em uma aplicação por anos e anos, mesmo sem possibilidade clara de vender sua posição no ativo para receber dinheiro antes do prazo de pagamento.
Porém, sabendo que o investidores do dia a dia precisam de uma opção mais rápida para acessar seu capital em casos de necessidade, algumas plataformas de investimentos alternativos já têm oferecido uma possibilidade de saída antecipada do investimento.
Para trazer exemplos mais práticos de oportunidades reais em plataformas de ativos alternativos, separei essas características de alguns ativos para você:
– Precatórios da União: retorno estimado de 15,8% ao ano e prazo de pagamento em aproximadamente um ano. Como é obrigação da União realizar o pagamento, podemos dizer que o ativo é praticamente “Risco Brasil”.
– Consórcios: retorno estimado de 8,9% no ano, com estimativa de pagamento em 180 dias por parte de administradoras ligadas às mais tradicionais instituições financeiras do Brasil, o que mitiga consideravelmente o risco de inadimplemento.
Claro, é muita informação para um único artigo. Para ficar mais confortável com o tema, recomendo que se cadastre no site do Mercado Bitcoin para explorar mais detalhes sobre oportunidades abertas e que considere realizar um curso completamente online sobre o tema.
Espero que você possa encontrar uma alternativa interessante nesse cenário atual de juros baixos!
Em breve, lançaremos mais artigos sobre o tema aqui no Crypto Times!
Lucas Toccheton Pinsdorf é responsável por desenvolvimento de negócios e estruturação de oportunidades no MBDA e Mercado Bitcoin. Teve participação direta no lançamento dos primeiros ativos alternativos digitais brasileiros, no valor de R$ 25 milhões. No passado, teve operação de gestão de ativos alternativos e trabalhou no Pinheiro Neto Advogados, um dos principais escritórios de advocacia do Brasil. Formou-se em Direito pela USP.