Lucas de Aragão: Encontro entre Lula e FHC é um sinal de fragilidade do PSDB
A foto de um encontro entre os ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), durante um almoço que contou com a articulação do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-ministro Nelson Jobim, em São Paulo (SP), repercutiu no mundo político na sexta-feira passada (21).
A divulgação do encontro foi feita pelas redes sociais de Lula, que afirmou ter dialogado com FHC sobre “a democracia e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia”. Apesar de ter o presidente Jair Bolsonaro como alvo, o encontro entre Lula e FHC não representa novidade, já que os dois ex-presidentes vinham num processo de reaproximação.
A conversa com FHC, principal antagonista do PT nas eleições de 1994 a 2014, tem uma simbologia importante, visto que amplia o diálogo de Lula com as forças políticas de centro. Vale recordar que Lula já havia conversado, em recente passagem por Brasília, com o ex-presidente José Sarney (MDB), o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE).
Porém, o almoço com FHC não significa eventual apoio do PSDB a uma provável candidatura de Lula em 2022. Preocupado com tal repercussão no ninho tucano, FHC declarou em suas redes sociais: “Reafirmo, para evitar más interpretações: o PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, nesse caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula.” Apesar da ponderação feita por FHC, a foto com Lula repercutiu negativamente no PSDB.
O presidente do partido, Bruno Araújo, disse que a reunião ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem nenhum a um potencial candidato do PSDB.
A leitura no meio político é de que o encontro é um sinal claro da fragilidade do PSDB e ajuda mais ao e-xpresidente Lula, que tenta mostrar capacidade de diálogo com forças do centro, do que ao PSDB. Além de tentar unidade interna entre três potenciais candidatos – João Doria, Tasso Jereissati e Eduardo Leite –, a legenda tem a difícil tarefa de tentar romper a polarização entre Lula e Bolsonaro, conforme apontado pelas pesquisas de intenção de voto