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Louis Dreyfus negocia venda de fatia para fundo de Abu Dhabi

04 set 2020, 8:44 - atualizado em 04 set 2020, 8:44
LDC
A Louis Dreyfus, ou LDC, não quis comentar. Uma porta-voz da ADQ não estava imediatamente disponível para comentar (Imagem: LinkedIn)

A Louis Dreyfus, tradicional trading agrícola controlada pela bilionária Margarita Louis-Dreyfus, está em negociações para vender uma participação na empresa à ADQ, fundo soberano de Abu Dhabi, de acordo com pessoas a par do assunto.

Caso o acordo avance, a trading receberia uma injeção muito necessária de capital, já que sua acionista controladora busca fundos para pagar empréstimos, mas também abre as portas da empresa para investidores fora da família Louis-Dreyfus pela primeira vez em seus 169 anos de história.

Para a ADQ, anteriormente chamada Abu Dhabi Development Holding, adquirir uma participação minoritária em uma das quatro maiores operadoras de grãos, sementes oleaginosas e açúcar poderia aumentar a segurança alimentar dos Emirados Árabes Unidos, em meio a problemas de abastecimento causados pela pandemia do coronavírus.

A Louis Dreyfus, ou LDC, não quis comentar. Uma porta-voz da ADQ não estava imediatamente disponível para comentar.

As conversas estão em andamento, um acordo ainda não foi finalizado e as discussões podem não ir em frente, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

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Lucro em queda

Margarita Louis-Dreyfus tem buscado recursos desde que fez empréstimos de cerca de US$ 1 bilhão para comprar participações de outros membros da família e assumir o controle da empresa.

Ao mesmo tempo, a LDC foi obrigada a cortar custos e empregos devido à queda do lucro por causa de supersafras e menor volatilidade de preços que favorecem operadores.

Em 2019, a LDC buscou investidores interessados em participações acionárias para expandir sua presença geográfica.

A iniciativa congelou no início o ano, pois fundos soberanos, outras tradings e investidores de private equity consideraram os valuations muito altos e questionaram a lógica de assumir uma participação minoritária.

A pandemia de Covid-19 e as preocupações com a segurança alimentar resultantes ajudaram a renovar o interesse na LDC, que representa o ‘D’ no quarteto das maiores tradings agrícolas do grupo ‘ABCD’, também formado pela Archer-Daniels-Midland, Bunge e Cargill.

Em junho, a ADQ negociou com bancos para levantar empréstimos com o objetivo de financiar uma onda de aquisições que incluiu a compra de uma participação de 50% na empresa agrícola Al Dahra Holding.

Mudanças no comando

A LDC, com sede em Roterdã, passou por uma série de mudanças de gestão nos últimos anos, incluindo um anúncio no mesmo dia em 2018 que tanto o diretor-presidente quanto o diretor financeiro deixariam a empresa.

O veterano Ian McIntosh, com três décadas no grupo e que assumiu o cargo de CEO após as renúncias, se aposenta neste mês e será substituído pelo diretor de operações, Michael Gelchie.

Muitos dos desafios da empresa têm origem em sua estrutura de controle. Margarita Louis-Dreyfus controla mais de 96% da holding que é dona da LDC, a Louis Dreyfus Holding.

O valor patrimonial da holding tem caído com o contínuo pagamento de altos dividendos mesmo com a queda dos lucros.