Louca, pero no mucho: Entenda a diferença entre caso atípico e caso clássico da vaca louca
O Ministério da Agricultura confirmou o diagnóstico da doença conhecida como “mal da vaca louca” no Pará e já interrompeu temporariamente as exportações de carne bovina para a China, seguindo o protocolo de 2015 assinado pelos dois países.
O animal doente era um macho de 9 anos de uma pequena propriedade no município de Marabá (PA) e que vivia solto. O boi já foi abatido e sua carcaça incinerada no local. Já a propriedade foi isolada, inspecionada e interditada preventivamente.
O ministro Carlos Favaro afirmou que tudo indica que a doença seja atípica, mas amostras já foram enviadas para análise no laboratório da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) no Canadá.
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O que é o mal da vaca louca?
O nome oficial da vaca louca é Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) e trata-se de uma doença crônica degenerativa que provoca alterações neurológicas e tremores. Ela é causada por uma proteína infecciosa chamada príon.
O príon pode ser encontrado tanto na natureza quanto em alimentos contaminados. Quando consumido pelos bovinos, ele se instala no cérebro e mata os neurônios.
Entre os sintomas estão nervosismo, ranger dos dentes, dificuldade para andar e hipersensibilidade ao som, toque e luz. A doença não tem cura ou vacina e o animal morre em até seis meses.
A orientação é que, após confirmado o diagnóstico, o animal seja sacrificado e incinerado para evitar que seja comido por outra espécie.
A vaca louca clássica foi diagnosticada pela primeira vez no Reino Unido em 1986 após os animais receberem rações feitas com proteína animal contaminada, como farinha de carne e ossos. O governo brasileiro proíbe o uso deste tipo de ingrediente na fabricação de ração para bovinos.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o país não nunca identificou a forma tradicional da doença em 20 anos de monitoramento.
Casos atípicos
Os casos atípicos da doença são quando ela surge de forma espontânea no animal através de uma mutação e normalmente aparece em animais mais velhos, como no caso do Pará.
A vaca louca atípica não traz riscos de disseminação no rebanho ou de transmissão ao ser humano.
Carne contaminada
O consumo de animais contaminados pode gerar a doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) em humanos, embora ela também possa ser hereditária e esporádica.
No entanto, a contaminação é maior quando consumidas partes contaminadas do cérebro, da medula cervical, da tonsila ou de tecidos do fundo do olho de bovinos. A carne vermelha, leite e produtos lácteos são considerados seguros.