Money Times Entrevista

Longe de Vale (VALE3), perto de bancos e elétricas: Onde investe o gestor Gustavo Salomão, da Norte Asset

03 set 2024, 15:15 - atualizado em 10 set 2024, 12:07
Gustavo Salomão, Norte, Market Makers
(Imagem: Reprodução/YouTube)

A bolsa pode ter uma combinação poderosa nos próximos meses. Pelo menos, essa é a visão de Gustavo Salomão, da Norte Asset. O gestor, que marcou presença na XP Expert e conversou com o Money Times, se mostrou otimista com ações, mesmo com uma possível alta da Selic para as próximas reuniões.

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Para ele, a alta está precificada e mais do que isso: deverá ser menor do que parte do mercado acredita, de 1,5 ponto percentual.

Salomão lembra, porém, que no final nas contas, o que interessa para a bolsa brasileira é o investidor gringo, que no último mês aportou R$ 9 bilhões. Mesmo assim, no ano, o saldo continua negativo em R$ 28 bilhões.

O gestor também espera uma tesoura grande nos juros nos Estados Unidos, de 2 pontos percentuais, com a taxa saindo de 5,5% para entre 3% e 3,25%, o que deverá aumentar ainda mais o apetite do investidor internacional por Brasil.

Diante disso, Salomão trabalha com um portfólio diversificado em sua carteira. Tem um pouquinho de tudo: bancos, elétricas, varejo, construção civil, commodities. Mas não Vale (VALE3). Mesmo com o tombo de mais de 20% no ano, ainda não se sente confortável com o ambiente na China.

Nesta terça, inclusive, a ação desaba mais de 3%. O vilão, mais uma vez, é o minério de ferro.

Veja a seguir os principais trechos do bate-papo exclusivo.

Economia americana e juros

Estamos vivendo um soft landing (pouso suave). A economia nos Estados Unidos desacelerando, a inflação veio para baixo. Teremos um número muito importante que é o Payroll [que deverá sair na sexta]. O último já mostrou uma desaceleração, todos os números de inflação vieram para baixo.

Os números de atividades também estão mostrando desaceleração e o Fed já sinalizou que vai começar a cortar juros na próxima reunião, que é dia 18 de setembro.

Eu espero que esse ciclo sairá de 5,5% para algo entre 3% e 3,25%, o que é importante para trazer fluxo para mercados emergentes.

Estrangeiros na bolsa

E o fluxo do estrangeiro é muito importante para a bolsa. E a gente acha que continuará acontecendo.

No Brasil, a gente espera uma elevação dos juros, mas ela não será tão grande quando o mercado está precificando.

Alta da Selic

Vai ter uma elevação [dos juros] de 100 a 125 pontos. E aí você já começa a cortar em meados do ano que vem. Com isso, você conseguirá trazer a expectativa de inflação para baixo.

Quando a gente olha os fundamentos das empresas, é muito positivo. Os resultados desse último trimestre mostraram isso.

E o valuation está atrativo. A alocação em bolsa está baixa nos portfólios. Muita gente está alocado em crédito e em renda fixa. Isso é posição técnica favorável e com esse fluxo de gringo vindo, fará com que bolsa ande.

Está no preço

Na visão que a gente tem, de uma alta curta [da Selic], não afeta tanto.

Obvio que você pode ficar um pouco preocupado. Mas o mercado já precifica 1,5 ponto percentual de alta. Eu acho que vai ser menos do que isso. Dado o cenário lá fora favorável, acho que é mais forte se for mercado externo.

Porque o que interessa para a bolsa é o fluxo externo. No final do ano passado, em novembro e dezembro, a bolsa subiu 20% em dois meses. Por que subiu? Fluxo estrangeiro. Em julho e agosto também.

Quando os locais vão voltar para a Bolsa?

Um pouco mais lento. [O investidor local] começa a ver a bolsa andando, dá um pouco de coceira no sentido de você estar pouco alocado. E aos poucos vai vindo.

É mais ano que vem.

Quais setores investe

Gostamos de alguns papéis do setor elétrico porque a TIR (taxa interna de retorno) real de vários deles está muito elevada. TIR acima de 12% real, 13%.

Além disso, gostamos de bancos.

Tem alguns bancos que estão com valuation bem interessante e rentabilidade alta. Gostamos de Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e Itaú (ITUB3 e ITUB4).

Gostamos até de papéis de commodities, como Petrobras (PETR3 e PETR4) e PRIO (PRIO3).

Vale não, construtoras sim

Vale não gostamos. Depende muito da dinâmica da China. Não estamos tão otimistas, estamos evitando no momento.

Construtoras, há várias empresas boas. Gostamos de Direcional (DIRR3) e Cyrela (CYRE3).

Olho no varejo

Temos empresas de economia doméstica que mudaram a chave de desempenho.

Renner (LREN3) é uma ação que adicionamos este mês depois do resultado. O discurso está mais positivo.

Têm várias empresas que estamos positivos. Vivara (VIVA3) está em um momento ótimo.

O importante é ter uma carteira diversificada e não concentrar em um setor só.

Tem várias empresas líquidas que você consegue se posicionar.

A rentabilidade que você terá nelas, olhando para visão não curto prazista, mas uma visão de 12 a 18 meses, baterá o CDI, com certeza.

Qual banco?

Banco do Brasil (BBAS3) está barato, mas a gente prefere Bradesco.

O Bradesco deu uma virada na chave. Ele teve um desempenho muito ruim no ano passado. A ação caiu bastante. Teve a mudança de CEO. Várias mudanças no time e estão virando a chave.

É um processo que não é tão rápido, mas a gente antecipa que vai seguir nessa toada.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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