Comprar ou vender?

Lojas Renner (LREN3) sofre reação negativa do mercado após balanço ‘poluído’; analistas veem motivos para comprar

15 mar 2024, 12:38 - atualizado em 15 mar 2024, 12:38
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Lojas Renner divulgou um balanço “poluído”, mas analistas do Bradesco BBI e do Safra seguem com recomendação de compra para as ações (Imagem: Money Times/Márcio Juliboni)

A Lojas Renner (LREN3) é um dos destaques de baixa do Ibovespa nesta sexta-feira (15). O pregão é marcado pela bateria de resultados divulgados ontem à noite – inclusive da varejista do segmento de vestuário.

Por volta das 12h20, as ações da companhia marcavam perdas de 3,94%, negociadas a R$ 15,86 cada.

Analistas do mercado avaliam o conjunto de resultados de “fraco” a “em linha com o esperado”, apesar do ligeiro crescimento nas principais linhas financeiras.

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O lucro líquido de R$ 526,9 milhões do quarto trimestre de 2023 representa um avanço de 9,4% em relação aos números divulgados no mesmo período de 2022. A receita líquida de varejo subiu 7,1% em base anual, a R$ 3,8 bilhões, enquanto o Ebitda total ajustado avançou 9,7%, a R$ 1 bilhão.

O destaque, no entanto, ficou para a operação financeira. A Realize teve resultado positivo em R$ 3,2 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 34,6 milhões do quarto trimestre de 2022.

Segundo a XP Investimentos, mesmo com um fraco desempenho do volume de negócios, o Ebitda da Realize atingiu o ponto de equilíbrio devido a menores provisões, “resultado da abordagem mais conservadora da empresa na tomada de risco e do perfil mais saudável das novas classes”.

Balanço da Renner veio “poluído”

Para o Bradesco BBI e o Safra, os números da Renner, no geral, atenderam as expectativas, mas vieram “poluídos” por conta de itens não recorrentes, como crédito fiscal, juros sobre crédito fiscal e corte de receita da Realize.

Pedro Pinto, do BBI, e Flávia Meireles, da Ágora Investimentos, entendem que a recuperação das vendas no varejo e o ponto de equilíbrio da Realize, fatores positivos do trimestre, não são suficientes para convencer que o crescimento dos lucros realmente foi reacendido no momento.

Os analistas acreditam que, para o futuro, os principais indicadores a serem monitorados são:

  • consistência no crescimento do volume de varejo;
  • quão rápido e eficaz os impactos do novo centro de distribuição e despesas simplificadas podem aumentar as margens de varejo até o fim de 2024; e
  • o nível dos resultados da Realize, a partir da geração de vendas de serviços financeiros e também da inadimplência.

O BB Investimentos classificou os resultados da Renner como mistos, mas chamou atenção para a posição “bastante confortável” de alavancagem da empresa.

“Pontuamos que a companhia finalizou o trimestre com uma posição de caixa líquido de R$ 1,2 bilhão, equivalente a 0,6 vez o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses, ante 0,4 vez no quarto trimestre de 2022”, dizem Georgia Jorge e Andréa Aznar, autoras do relatório divulgado pela instituição.

Ciclo de Galló chega ao fim

Além dos resultados, a Renner anunciou a saída de José Galló, antigo CEO da empresa e atual presidente do conselho de administração, após mais de 30 anos na varejista.

O próprio conselheiro, que irá se aposentar, decidiu não ser reeleito para o próximo ciclo de cinco anos.

“Galló foi o principal líder por trás de uma das histórias de maior sucesso no varejo brasileiro, levando a Lojas Renner de uma rede regional de oito lojas a uma varejista líder de vestuário com mais de 650 lojas no país, sustentada pela chamada cultura do ‘encantamento'”, escreve o BBI.

De acordo com a instituição, o mercado não tinha uma expectativa clara sobre o momento de sua sucessão. O próximo presidente do conselho será eleito em 18 de abril, na próxima assembleia.

LREN3 é uma tese para ser comprada?

Analistas do BBI revisaram as estimativas de lucro da Renner para 2024 e 2035. As projeções caíram para a casa de um dígito.

Apesar disso, o BBI manteve o preço-alvo de R$ 18,50 para as ações da empresa, com recomendação de compra devido ao desconto de aproximadamente 10% em relação aos pares.

O Safra tem recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a compra), com preço-alvo de R$ 21,70. O banco continua confiante que 2024 deve ser um ano melhor para o varejo, que deve se beneficiar de um aumento de consumo com o movimento de queda das taxas de juros no Brasil.

Mais cético, o BB Investimentos segue neutro com o nome, com um preço-alvo ao fim de 2024 de R$ 16,80. A casa ainda observa pressão sobre as despesas operacionais superior às projeções dos analistas, “o que nos leva a adotar maior cautela”.

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