Lojas Renner (LREN3) cai 13% após decepcionar no trimestre; o que amargou o balanço?

O lucro líquido da Lojas Renner ficou aquém do esperado pelo mercado (Imagem: iStoock/Leila Melhado)

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As ações da Lojas Renner (LREN3) chegaram a amargar queda de 13% após o seu lucro encolher no quarto trimestre de 2024. A varejista reportou na quinta-feira (20) um lucro líquido de R$ 487,2 milhões.

O resultado veio abaixo das estimativas, uma vez que analistas esperavam um montante de R$ 630,6 milhões, segundo a média das estimativas compiladas pela LSEG.

Às 16h39 (horário de Brasília), os papéis caíam 12.84%, a R$ 11,95. Acompanhe o tempo real.

Junto ao anúncio de um resultado mais fraco, a Lojas Renner anunciou ao mercado um programa de recompra de ações de até R$ 1 bilhão, representativas de 7,13% das ações em circulação (75 milhões de ações ordinárias).

Segundo a empresa, os objetivos do programa são retorno de capital aos acionistas, adicionalmente aos dividendos e juros sobre capital, e criação de valor adicional aos acionistas. Mas não foi o suficiente para segurar a queda da ação nesta sexta.

Os analistas Pedro Pinto, do Bradesco BBI, e Flávia Meirelles, da Ágora Investimentos, colocam que a mensagem pouco inspiradora para as perspectivas do setor para 2025 está entre os principais pontos negativos.

Esses desafios, presumem os analistas, estão relacionados às atuais condições macroeconômicas brasileira, com a trajetória de alta da taxa de juros. Com isso, Lojas Renner indica foco na geração de valor e crescimento sustentado de longo prazo.

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Além disso, a margem bruta veio abaixo das estimativas do mercado, já impactada por níveis altos do câmbio. Os analistas pontuam ainda que a melhoria das despesas gerais e administrativas foi mais fraca do que o esperado, aproximadamente 0,3 ponto percentual abaixo da expectativa da BBI e Ágora.

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“À luz dos resultados pouco inspiradores e abaixo das expectativas, não acreditamos que um potencial sentimento positivo sobre o programa de recompra possa reverter a mensagem dos fundamentos”, dizem os analitas.

A recomendação do BBI e Ágora está mantida em neutra, com preço-alvo de R$ 16.

Para o Goldman Sachs, o trimestre ficou aquém, mas recompra de 7% é positiva para a companhia. Especialmente a lucratividade surpreendeu para baixo, impulsionada por uma margem bruta menor do que a esperada e pequenas perdas nas linhas de opex (despesas operacionais).

O banco gringo mantém sua recomendação de compra para LREN3, com preço-alvo R$ 21.

Faltam gatilhos de curto prazo para Lojas Renner

Na avaliação do BTG Pactual, apesar das tendências de receita líquida ainda decentes no quarto trimestre, os resultados não são um gatilho positivo para as ações.

A equipe de analistas liderada por Bruno Henriques destaca que segmento de vestuário tem passado por grandes mudanças, em meio a uma crescente penetração do e-commerce, concorrência internacional, consumidores que estão buscando menores preços após o pico da pandemia e plataformas de crédito proprietárias que enfrentam mais concorrência das fintechs.

“Embora seja difícil separar as tendências temporárias das tendências estruturais nas operações de varejo e no negócio de financiamento ao consumidor, gostamos das iniciativas da Lojas Renner para melhorar gradualmente o sortimento e os prazos de entrega por meio do novo CD (Centro de Distribuição)”

Para os analistas, esses movimentos devem ajudar na lucratividade e na produtividade das lojas e aparecer gradualmente nos resultados da companhia nos próximos trimestres.

Tendo em vista uma concorrência mais nivelada em relação aos operadores internacionais e um valuation atraente, o BTG Pactual mantém a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 20.

Para o Itaú BBA, a margem bruta é a maior culpada do trimestre negativo. Para a casa, a reação negativa do mercado está relacionada principalmente a:

• Números do varejo bem abaixo do consenso, com margens brutas como destaque negativo – contração de 10 pontos-base (bps) no ano, enquanto o mercado esperava um salto de cerca de 50 bps.
• Maiores despesas com participação nos lucros (R$ 88 milhões, cerca de 2,1% das receitas) pesando nas despesas gerais e administrativas.

Em consenso com demais analistas, Rodrigo Gastim e equipe apontam o programa de recompra como uma notícia positiva em meio ao balanço.

O BBA tem classificação “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”), com preço-alvo de R$ 20.

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