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Lockdowns levam Agência Internacional de Energia a cortar previsão para demanda por petróleo

19 jan 2021, 8:30 - atualizado em 19 jan 2021, 8:30
Petróleo
Os preços do petróleo subiram com o anúncio da Arábia Saudita de cortes adicionais da produção nos próximos dois meses (Imagem: Petróleo no porto chinês de Qingda/ Reuters)

A Agência Internacional de Energia rebaixou as previsões para a demanda global por petróleo em meio aos novos lockdowns para controlar a pandemia, que devem desacelerar a recuperação esperada neste ano.

“A distribuição global de vacinas coloca os fundamentos em uma trajetória mais forte para o ano, com a oferta e a demanda voltando a crescer”, disse a agência em relatório mensal. “Mas levará mais tempo para que a demanda por petróleo se recupere totalmente, já que os novos lockdowns em vários países pesam sobre as vendas de combustíveis.”

A AIE cortou a estimativa de consumo para este trimestre em 600 mil barris por dia e projetou ligeira queda em relação ao final do ano passado.

Ainda assim, os estoques de petróleo globais, ainda cheios, devem encolher em 100 milhões de barris no período de três meses com a restrição da oferta da Arábia Saudita e de outros países da Opep+.

Os preços do petróleo subiram com o anúncio da Arábia Saudita de cortes adicionais da produção nos próximos dois meses. Os futuros do Brent eram negociados acima de US$ 55 o barril em Londres na terça-feira, perto do maior nível em quase um ano.

Mas os ganhos desaceleraram em meio ao aumento de casos de coronavírus que traz de volta os lockdowns em muitos países, incluindo na China, que tem impulsionado a recuperação da demanda por combustíveis até agora.

Para 2021, a AIE reduziu a previsão para a demanda em 300 mil barris por dia. O consumo global de combustíveis aumentará em 5,5 milhões de barris por dia neste ano, após a queda sem precedentes de 8,8 milhões por dia em 2020.

Com o frágil cenário, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e parceiros decidiram no início do mês adiar os planos de recuperar a produção interrompida. A Arábia Saudita, que efetivamente lidera o grupo, reforçou a estratégia ao prometer cortar outros 1 milhão de barris por dia em fevereiro e março.

Melhoria significativa

À medida que o ano avançar e a recuperação da demanda ganhar ritmo, a aliança Opep+ deve ter a oportunidade de acelerar um pouco a produção, segundo a AIE.

“É provável que seja necessário muito mais petróleo, dada nossa previsão de melhora significativa na demanda do segundo semestre do ano”, disse.

Como os estoques globais tender a cair mais no segundo semestre, a Opep+ poderia prosseguir com os planos para bombear cerca de 1,5 milhão de barris dos 7,2 milhões atualmente offline, disse a agência.

As produtoras de gás de xisto dos EUA – que normalmente aproveitam ganhos de preço para aumentar as perfurações – sinalizaram uma abordagem mais cautelosa desta vez, dando à Arábia Saudita e aliados a oportunidade de preencher o vácuo.

Segundo a agência, se as produtoras americanas mantiverem esses planos, “a Opep+ pode começar a recuperar a participação de mercado que vem perdendo para os EUA e outros desde 2016”.

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